Entre alguns estudos que encabeçou Jacob
Grinberg, seja dentro do Instituto Nacional para o Estudo da Consciência,
fundado por ele mesmo no interior da UNAM, ou de maneira independente, se
encontram intrigantes temáticas em torno da relação da mente com a matéria.
Como resultado destas investigações Grinberg
elaborou novas teorias. Sua Teoria Sintérgica, que se refere a uma espécie de
Matriz Holográfica, que chamou de LATTICE, que tudo abarca (e que imediatamente
nos recorda os campos morfogenéticos de Sheldrake ou o conceito de ''ordem
implicada'' de David Bohm).
No interior deste campo informacional nada está
separado, é uma espécie de éter híperinformativo (ATMAN) a partir do qual nosso
cérebro deve decodificar fibras, dados e vestígios de conhecimento através de
distintas atitudes cognitivas. E o resultado deste processo é o que cada um de
nós concebemos como a ‘’realidade’’: ‘’A realidade é percebida como resultado de
uma decodificação que leva a cabo nosso cérebro a partir de uma estrutura
pré-espacial, e como tal implica a interpretação realizada pelo aparato de nossa
mente-cérebro’’, afirma Grinberg.
Além do mais, de acordo com o cientista
mexicano, essa matriz representava algo assim como uma projeção holográfica do
ALEPH de BORGES, ponto onde convergiam toda a informação completa do Cosmos, e
aquele que fosse capaz de treinar-se e instruir-se com as habilidades
necessárias poderia interagir conscientemente com essa Matriz Holográfica (éter
hiperinformativo ou ATMAN).
Mesmo porque, isso é o que fazem xamãs e yoguis
há milênios.
http://pijamasurf.com/2011/08/jacobo-grinberg-su-genial-obra-y-su-misteriosa-desaparicion/
(...)
A existencia do campo neural e a conceituação do
mesmo campo unificado...
...postulou que a experiência é a interação do
campo neural com a estrutura energética do espaço. A essa última batizou com o
nome de sintergia e postulou uma semelhança entre a organização sintérgica do
espaço e a organização cerebral. O campo neural afeta e altera a organização
sintérgica, e num certo nível de funcionamento é UM com ela, de tal modo que o
produto da atividade cerebral se confunde com o resto da criação.
http://pijamasurf.com/2011/08/jacobo-grinberg-su-genial-obra-y-su-misteriosa-desaparicion/
(...)
O referente a uma distinção implícita entre
ESTADO DE CONSCIÊNCIA e REGISTRO
COGNITIVO.
ESTADO DE CONSCIÊNCIA se refere a um determinado
funcionamento da mente.
REGISTRO COGNITIVO se refere a arquivos de
memória.
Efetivamente, todo registro poderíamos
considera-lo como subentendido em um ‘’ESTADO DETERMINADO’’, e nesse sentido
seriam de algum modo equivalentes, mas não para os efeitos do NOSSO DISCURSO
PINEAL.
(...)
A razão de se sublinhar a noção de REGISTRO está
no desejo de chamar a atenção para as dificuldades de recuperar, desde um estado
de consciência ordinário, a informação registrada num estado mental diferente.
Como as informações e imagens que não trazemos dos sonhos que sonhamos á noite,
por exemplo.
(...)
http://pijamasurf.com/2011/10/cientificos-confirman-que-los-trances-hipnoticos-son-reales/
Cientistas confirmam que os transes hipnóticos
são reais.
Cientistas escandinavos comprovam que a hipnose
é um estado da mente humana e não ‘’mera
sugestão’’.
Muitas pessoas se mantém céticas frente á
hipnose, acreditando tratar-se de uma prática pseudo-científica ou uma
combinação de relaxamento, visualização e poder de sugestão ou
auto-sugestão.
Um grupo de cientistas finlandeses e suecos ,sem
embargo, encontrou evidencia de que os transes hipnóticos são reais e conformam
um estado único de consciência
alterada.
A chave parece estar no olhar vítreo
característico desse estado.
Usando tecnologia eye-tracking (registro do
olhar) de alta resolução e um ‘’óculos-motor’’ que detona respostas oculares
automáticas, os investigadores descobriram que o olhar vítreo característico da
hipnose está acompanhado de câmbios (mudanças) calculáveis nos reflexos
automáticos dos olhos.
Isto sugere que a hipnose não deve ser
considerada como um estado meramente imaginário, mas como um estado de
consciência tangível e a partir de uma ótica
científica.
(...)
Tudo isso abre um interessante campo de estudo
para a Psicologia e a Neurociência, disciplinas que deverão explorar o estado
hipnótico como parte importante da consciência
humana.
(...)
BORGES, O Aleph
(FRAGMENTO
Chego, agora, ao inefável centro de meu relato;
começa aqui meu desespero de escritor. Toda linguagem é um alfabeto de símbolos
cujo exercício pressupõe um passado que os interlocutores compartem; como
transmitir aos outros o infinito Aleph, que minha temerosa memória mal e mal
abarca? Os místicos, em análogo transe, são pródigos em emblemas: para
significar a divindade, um persa fala de um pássaro que, de algum modo, é todos
os pássaros; Alanus de Insulis, de uma esfera cujo centro está em todas as
partes e a circunferência em nenhuma; Ezequiel, de um anjo de quatro faces que,
ao mesmo tempo, se dirige ao Oriente e ao Ocidente, ao Norte e ao Sul. (Não em
vão rememoro essas inconcebíveis analogias; alguma relação têm com o
Aleph.) É possível que os deuses não me negassem o achado de uma imagem
equivalente, mas este relato ficaria contaminado de literatura, de falsidade.
Mesmo porque o problema central é insolúvel: a enumeração, sequer parcial, de um
conjunto infinito. Nesse instante gigantesco, vi milhões de atos prazerosos ou
atrozes; nenhum me assombrou tanto como o fato de que todos ocupassem o mesmo
ponto, sem superposição e sem transparência. O que viram meus olhos foi
simultâneo; o que transcreverei, sucessivo, pois a linguagem o é. Algo,
entretanto, registrarei.
Na parte inferior do degrau, à direita, vi uma pequena esfera furta-cor, de quase intolerável fulgor. A princípio, julguei-a giratória; depois, compreendi que esse movimento era uma ilusão produzida pelos vertiginosos espetáculos que encerrava. O diâmetro do Aleph seria de dois ou três centímetros, mas o espaço cósmico estava aí, sem diminuição de tamanho. Cada coisa (o cristal do espelho, digamos) era infinitas coisas, porque eu a via claramente de todos os pontos do universo. Vi o populoso mar, vi a aurora e a tarde, vi as multidões da América, vi uma prateada teia de aranha no centro de uma negra pirâmide, vi um labirinto roto (era Londres), vi intermináveis olhos próximos perscrutando-me como num espelho, vi todos os espelhos do planeta e nenhum me
refletiu, vi num pátio da rua Soler as mesmas lajotas que, há trinta anos, vi no vestíbulo de uma casa em Fray Bentos, vi cachos de uva, neve, tabaco, veios de metal, vapor de água, vi convexos desertos equatoriais e cada um de seus grãos de areia, vi em Inverness uma mulher que não esquecerei, vi a violenta cabeleira, o altivo corpo, vi um câncer no peito, vi um círculo de terra seca numa calçada onde antes existira uma árvore, vi uma chácara de Adrogué, um exemplar da primeira versão inglesa de Plínio, a de Philemon Holland, vi, ao mesmo tempo, cada letra de cada página (em pequeno, eu costumava maravilhar-me com o fato de que as letras de um livro fechado não se misturassem e se perdessem no decorrer da noite), vi a noite e o dia contemporâneo, vi um poente em Querétaro que parecia refletir a cor de uma rosa em Bengala, vi meu dormitório sem ninguém, vi num gabinete de Alkmaar um globo terrestre entre dois espelhos que o multiplicam indefinidamente, vi cavalos de crinas redemoinhadas numa praia do mar Cáspio, na aurora, vi a delicada ossatura de uma mão, vi os sobreviventes de uma batalha enviando cartões-postais, vi numa vitrina de Mirzapur um baralho espanhol, vi as sombras oblíquas de algumas samambaias no chão de uma estufa, vi tigres, êmbolos, bisões, marulhos e exércitos, vi todas as formigas que existem na terra, vi um astrolábio persa, vi numa gaveta da escrivaninha (e a letra me fez tremer) cartas obscenas, inacreditáveis, precisas, que Beatriz dirigira a Carlos Argentino, vi um adorado monumento em La Chacarita, vi a relíquia atroz do que deliciosamente fora Beatriz Viterbo, vi a circulação de meu escuro sangue, vi a engrenagem do amor e a modificação da morte, vi o Aleph, de todos os pontos, vi no Aleph a terra, e na terra outra vez o Aleph, e no Aleph a terra, vi meu rosto e minhas vísceras, vi teu rosto e senti vertigem e chorei, porque meus olhos haviam visto esse objeto secreto e conjetura) cujo nome usurpam os homens, mas que nenhum homem olhou: o inconcebível universo.
Na parte inferior do degrau, à direita, vi uma pequena esfera furta-cor, de quase intolerável fulgor. A princípio, julguei-a giratória; depois, compreendi que esse movimento era uma ilusão produzida pelos vertiginosos espetáculos que encerrava. O diâmetro do Aleph seria de dois ou três centímetros, mas o espaço cósmico estava aí, sem diminuição de tamanho. Cada coisa (o cristal do espelho, digamos) era infinitas coisas, porque eu a via claramente de todos os pontos do universo. Vi o populoso mar, vi a aurora e a tarde, vi as multidões da América, vi uma prateada teia de aranha no centro de uma negra pirâmide, vi um labirinto roto (era Londres), vi intermináveis olhos próximos perscrutando-me como num espelho, vi todos os espelhos do planeta e nenhum me
refletiu, vi num pátio da rua Soler as mesmas lajotas que, há trinta anos, vi no vestíbulo de uma casa em Fray Bentos, vi cachos de uva, neve, tabaco, veios de metal, vapor de água, vi convexos desertos equatoriais e cada um de seus grãos de areia, vi em Inverness uma mulher que não esquecerei, vi a violenta cabeleira, o altivo corpo, vi um câncer no peito, vi um círculo de terra seca numa calçada onde antes existira uma árvore, vi uma chácara de Adrogué, um exemplar da primeira versão inglesa de Plínio, a de Philemon Holland, vi, ao mesmo tempo, cada letra de cada página (em pequeno, eu costumava maravilhar-me com o fato de que as letras de um livro fechado não se misturassem e se perdessem no decorrer da noite), vi a noite e o dia contemporâneo, vi um poente em Querétaro que parecia refletir a cor de uma rosa em Bengala, vi meu dormitório sem ninguém, vi num gabinete de Alkmaar um globo terrestre entre dois espelhos que o multiplicam indefinidamente, vi cavalos de crinas redemoinhadas numa praia do mar Cáspio, na aurora, vi a delicada ossatura de uma mão, vi os sobreviventes de uma batalha enviando cartões-postais, vi numa vitrina de Mirzapur um baralho espanhol, vi as sombras oblíquas de algumas samambaias no chão de uma estufa, vi tigres, êmbolos, bisões, marulhos e exércitos, vi todas as formigas que existem na terra, vi um astrolábio persa, vi numa gaveta da escrivaninha (e a letra me fez tremer) cartas obscenas, inacreditáveis, precisas, que Beatriz dirigira a Carlos Argentino, vi um adorado monumento em La Chacarita, vi a relíquia atroz do que deliciosamente fora Beatriz Viterbo, vi a circulação de meu escuro sangue, vi a engrenagem do amor e a modificação da morte, vi o Aleph, de todos os pontos, vi no Aleph a terra, e na terra outra vez o Aleph, e no Aleph a terra, vi meu rosto e minhas vísceras, vi teu rosto e senti vertigem e chorei, porque meus olhos haviam visto esse objeto secreto e conjetura) cujo nome usurpam os homens, mas que nenhum homem olhou: o inconcebível universo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário