segunda-feira, 26 de agosto de 2013

De editor da playboy á aristocrata do paradoxo

 



Em 22 de junho de 2006 o blogger Paul Krassner divulgou que Robert A. Wilson estaria já internado em casa sob cuidados médicos com amigos e família.1

 
Seu trabalho mais conhecido, "The Illuminatus Trilogy" (sem publicação em português), em co-autoria com Robert Shea, foi divulgado como "um conto de fadas para paranóicos", e examinou com bom-humor a paranoia americana sobre conspirações. Muito do seu material surgiu a partir de cartas enviadas à revista Playboy enquanto ele e Shea trabalharam lá como editores do fórum da Playboy. Embora nunca mais tenham trabalhado juntos no mesmo nível, Wilson continuou a expandir sua carreira de escritor em temas como o do livro "Illuminatus!".
Em Cosmic Trigger (1977) (no Brasil, O gatilho cósmico – O derradeiro segredo dos Illuminatti), ele examinou o Discordianismo, Sufismo, Futurologia, Zen-budismo, as práticas ocultistas de Aleister Crowley e Georg Ivanovitch Gurdjieff, os Illuminati e a Maçonaria, Yoga, e outras filosofias esotéricas ou a contracultura. Ele defendeu o modelo dos oito circuitos da consciência de Timothy Leary e a engenharia neurosomática/linguística em seu trabalho Prometheus Rising (1983, revisado em 1997) (no Brasil A Ascensão de Prometeus) e Quantum Psychology (1990) (no Brasil Psicologia Quântica), livros contendo técnicas práticas para que uma pessoa se liberte de seus túneis de realidade.
Ironicamente, considerando as críticas e caricaturas que faz da new age, seus livros podem ser encontrados em livrarias especializadas em material da new age. Ele afirmou ter tido percepções de encontros com "entidades" mágicas, e quando questionado se essas entidades seriam "reais", respondeu que elas eram "reais o suficiente", embora "não tão reais quanto os IRS (receita federal americana)" já que estes são "fáceis de se livrar". Ele advertiu os iniciantes quanto a usar práticas ocultistas, pois se apressar em tais práticas e nas energias delas resultantes pode levar uma pessoa a ficar "bem doida". Ao invés, ele recomenda iniciar com a Programação Neurolinguística, Zen-budismo, meditação básica, etc., antes de progredir para atividades mais potencialmente perturbadoras.
Wilson teve um relacionamento duradouro com a Associação para Exploração da Consciência, iniciando em 1982. Ele foi o orador da abertura de sua sede em 1984 e compareceu em vários Festivais Starwood. Foi lá que Wilson teve o primeiro diálogo em um palco com seu grande amigo Timothy Leary em 1989, intitulado A Fronteira Interior.
Em uma entrevista de 2003 à revista High Times, RAW se descreveu como um "Agnóstico Modelo" que ele diz consistir de "nunca olhar para qualquer modelo ou mapa do universo com crença de 100% ou negação de 100%. Seguindo Korzybski, eu coloco as coisas em probabilidades, não em certezas… Minha única originalidade reside em aplicar esta atitude zetética fora do âmbito da mais complexa das ciências complexas, a Física, em ciências menos complexas e então nas não-ciências como a Política, Ideologia, vereditos do júri e, é claro, na teoria da conspiração." Mais ele simplesmente alega "não acreditar em nada, desde que crença é a morte do pensamento". Ele tem descrito essa abordagem como "Maybe Logic" (Lógica do Talvez). Wilson escreveu artigos para a revista cyberpunk de vanguarda chamada Mondo 2000.
Enquanto ele publicou material principalmente sob o nome Robert Anton Wilson, também usou os codinomes Mordecai Malignatus, Mordecai the Fool (Mordecai o Tolo), Reverendo Loveshade e outros nomes associados aos Illuminati da Baviera, os quais ele supostamente ressuscitou nos anos 60.
RAW ocupa o posto de diretor do Comitê para Investigação Surrealista da Reclamação do Normal (Comittee for Surrealist Investigation of Claims of the Normal - CSICON) e apareceu em eventos de Desinformação.
 
Ele sempre adotou perante a vida uma atitude de otimismo, alegria, amor e bom humor.
Maybe Logic: As Vidas e Amores de Robert Anton Wilson (Maybe Logic: The Lives and Loves of Robert Anton Wilson – sem publicação em português), um documentário lançado em 30 de maio de 2006 nos Estados Unidos, cobre trechos de mais de vinte e cinco anos da vida de Wilson.2
 
RAW nos ensinava que a realidade é um jogo constantemente alterado pela nossa p´ropria mente. O humor e a crítica são as principais marcas de sua obra, que definiu como agnostiscismo místico, uma postura de guerrilha ontológica que questiona com uma inusitada lucidez a forma com que assumimos que as coisas são reais e verdadeiras:
''A certeza final só é possível para as pessoas que tem apenas uma única enciclopédia''
Cada modelo que construímos nos diz mais sobre nossa mente do que sobre o universo....o universo é maior que qualquer um de nossos modelos...cada descrição do universo é a descrição do instrumento que utilizamos para descrever o universo.
Anton Wilson adapta os postulados da física quântica á um modelo de agnostiscismo epistemológico - a episteme jaz sob um principio incerto: a mente humana como filtro - perene instagram da realidade. A psicologia quântica que desenvolveu aplica o princípio de indeterminação ás humanidades: nossa percepção afeta o mundo que percebemos. Crer que existe uma verdade absoluta ou que a verdade absoluta jaz aí em um campo eterno, acessível e intocada por nossa percepção é um tipo de onanismo mental. Aqui Robert Anton Wilson parece nos dizer que a verdade é a transformação de nossa própria percepção, seguindo a idéia gnóstica de que o CONHECIMENTO ou GNOSE se dá com a FUSÃO de SUJEITO e OBJETO, superando a dualidade descrita acima entre verdade absoluta e buscador da verdade. ''TUDO É TÃO SOMENTE UMA VIAGEM'', ele nos diz, e até certo ponto podemos concordar, uma vez que não há linha de chegada, tão somente estados de consciência mais sofisticados pelos quais uma pessoa que realiza o trabalho sobre si mesmo pode ir passando, não necessariamente de forma linear e esquemática, o que é absolutamente impossível, mas de forma difusa e subjetiva. Ele chamou isso de TÚNEIS-DE-REALIDADE.
Poucas pessoas são responsáveis por abrir mais a nossa mente e de maneira tão pouco pretenciosa como Anton Wilson, considerado um dos Papas e supremos hierarcas da Religião Discordiana, cuja deusa é o CAOS, e basicamente dedicada á subverter toda a ordem social, apenas porque é assim que podemos ver o mundo de uma forma diferente - e esse é nosso bem supremo: ampliar nossa capacidade de admitir diferentes modelos de realidade. No nosso blog poucas figuras da cultura contemporânea são mais queridas - poucos conjungam a ligeireza, a simpatia e a genialidade de um coquetel psicodélico de densidade quase nula, aberto á todos: a lúdica leviandade de SER antes de CRER.
Comparando sua obra com algo similar á uma anti-ideologia narrativa, fundamentada em elementos como a absoluta honestidade auto-biográfica, um humor refinadamente bruxo e um ceticismo tão inquietante quanto evolutivo, Wilson compartilharia sua respeitável erudição com gerações de leitores que encontraram nele um paternal anti-gurú.
De sua mão aceitamos a essência''probalística'' do universo, ou seja, que tudo aquilo que conhecemos, imaginamos ou percebemos está fundamentado em uma rede, dinamicamente entrelaçada, de possibilidades e não de absolutos. E também aprendemos extravagâncias de supervivência como idéiade que o universo está constantemente rindo de nós, de si mesmo portanto.
O Gatilho Cósmico ri através de Robert Anton Wilson: o universo é essa pegadinha pragmática através da qual a inteligência cósmica pode rir de sua própria comédia como forma de disfarçar que é em si mesmo o ato autístico de uma entidade holofractal que neste momento nos está sonhando.
Aceitem ou não todo esse coquetel psicodélico de Wilson é perfeitamente ''tradicional'' e já foi exposto de diversas maneiras por cristãos como PASCAL (que dizia que Platão e Aristóteles não acreditavam em absolutamente nada do que escreveram em A REPÚBLICA e AS LEIS e que aquilo tudo junto formava apenas um manual inventado por eles para um rebanho de dementes envaidecidos pela po´litica e a vida social) . Também dizia -como os tibetanos da tradição bon, pré-búdicos - que a única coisa que distingue o homem do animal... É O RISO! , Subversão permanente e dinâmica do espírito através do que ALBERTO MAGNO (diante da Virgem Maria) definiu como a ''comicidade do cósmico e a cósmicidade do cômico'', deduzido a partir do apotegma medieval de que TUDO QUE SAI DO ABSOLUTO, INCLUSIVE OS ANJOS, É CÔMICO (''existe uma tradição católica que diz que ALBERTO MAGNO esteve ante a Virgem Maria que se apresentou a ele como SOFiA e que nessa oportunidade teria lhe ensinado que a verdadeira sabedoria sagrada era O DESPREOCUPADO y PURIFICADOR RISO...
Agnosticismo transcendental foi o nome que Wilson deu ao seu anti-sistema de crenças: ''Estou tratando de demonstrar que uma vida sem certezas pode ser uma hilariante e liberadora aventura. Quero criar um verdadeiro sentido do assombro, que é tudo que requeremos como religião e é a única coisa á qual podemos atar-nos nesses tempos atuais''.
Poucas pessoas se divertiram tanto durante o processo de elucidar do que se tratam esses fenômenos abstratos e ,geralmente, solenes,que chamamos ''universo'', ''realidade'', ''existência'', etc... Entre outras muitas coisas Wilson nos mostrou que, apesar de que para muitos isso pode proporcionar temporariamente um processo angustiante ou inclusive implicar uma turbulenta mas necessária vertigem existencial, devemos soltar essas muletas existenciais que chamamos certezas e simplesmente nos entregar ao jogo das possibilidades do ser.
Contra o dogmatismo exacerbado dos ''guias'', Wilson oferecia seu característico riso. Por crenças e dogmas ele se referia não só ao moralismo oferecido por instituições religiosas e políticas, mas também que era preciso sacudir-se á tempo de crenças cristalizadas a respeito das visões místicas que o uso de psicotrópicos proporciona ou as supostas epifanias que se armam dentro do indivíduo com o desdobramento da consciência, ou seja, que é preciso duvidar, estar atento, vigilante e ''desperto'' o tempo todo, principalmente para duvidar do próprio ceticismo, que não passa de mais uma mera ''crença''. Neste sentido, se por acaso a Humanidade não está ainda definitivamente condenada ao dogmatismo, devemos isso á pessoas como Robert Anton Wilson.
 

 

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