quinta-feira, 1 de agosto de 2013

O que é um beatnik?



Os Beatniks foram um movimento socio-cultural nos anos 50 e princípios dos anos 60 que subscreveram um estilo de vida anti-materialista, na sequência da 2.ª Guerra Mundial.
História[editar]
O autor Jack Kerouac introduziu a frase "Geração Beat" em 1948, generalizada do seu círculo social para caracterizar o submundo de juventude anti-conformista, reunida em Nova Iorque naquele tempo. O nome surgiu numa conversa com o novelista John Clellon Holmes (que publicou um romance sobre a Geração Beat, Go, em 1952), junto com um manifesto no The New York Times: "This Is the Beat Generation".1 Em 1954, Nolan Miller o seu terceiro romance, Why I Am So Beat, relatando as festas de fim-de-semana de quatro estudantes.
O adjetivo "beat" foi introduzido ao grupo por Herbert Huncke, embora Kerouac tenha expandido o significado do termo. "Beat" fazia parte do calão do submundo – o mundo dos vigaristas, toxicodependentes e pequenos ladrões, onde Ginsberg e Kerouac procuraram inspiração. Beat era o calão para "beaten down" ou "downtrodden", ambas expressões que podem significar oprimido, rebaixado, espezinhado. Mas para Kerouac, tinha uma conotação espiritual. Outros adjetivos discutidos por Holmes e Kerouac foram "found" (encontrado, achado) e "furtive" (furtivo). Kerouac alegou que ele tinha identificado (e incorporado) uma nova tendência análoga à influente Geração Perdida.2 3
Em "Aftermath: The Philosophy of the Beat Generation" Kerouac criticou o que ele acreditava ser a distorção das suas idéias:
«A Beat Generation, que foi uma visão que nós, John Clellon Holmes e eu, e Allen Ginsberg tivemos, numa maneira ainda mais selvagem, no final dos anos 40, de uma geração de loucos, iluminados hipsters, fez subitamente a América ascender e avançar, seriamente a vadiar e a pedir boleia em todo o lado, esfarrapada, beatificada, bonita de uma nova forma graciosamente feia — uma visão colhida da forma como ouvimos a palavra "beat" pronunciada nas esquinas da rua em Times Square e na Village, na noite dos centros de outras cidades da América pós-guerra — beat, que significa em baixo e de fora mas cheio de uma convicção intensa. Nós até ouvimos o velho 1910 Daddy Hipsters das ruas falar na palavra dessa forma, com um sorriso de escárnio melancólico. Nunca quis dizer delinquentes juvenis, significa características de uma espiritualidade especial que não agia em conjunto mas eram Bartlebies solitários olhando para fora da janela da parede nua da nossa civilização...4 5
Kerouac explicou o que ele queria dizer com "beat" no Forum de Brandeis, "Is There A Beat Generation?" , a 8 de November de 1958, no New York's Hunter College Playhouse. Os oradores para o seminário eram Kerouac, James A. Wechsler, o antropologista de Princeton, Ashley Montagu, e o autor Kingsley Amis. Wechsler, Montague e Amis, todos usavam fato, enquanto Kerouac tinha vestido uns jeans pretos, botas pelo tornozelo e uma camisola ao xadrez. A ler um texto preparado, Kerouac reflectiu sobre os seus primórdios Beat:
É por causa de ser um Beat, que eu acredito que está na beatitude e que Deus amou tanto o mundo que teve que dar-lhe o seu único filho... Quem sabe na verdade, se o Universo não é um vasto mar de compaixão, o verdadeiro mel sagrado, debaixo desta mostra de personalidade e crueldade.6
O discurso de Kerouac foi mais tarde publicado como "The Origins of the Beat Generation" (Playboy, Junho de 1959). No artigo, Kerouac realçou a forma como a sua filosofia beatificada original tinha sido ignorada como quando Caen e outros tinham intervindo para alterar o conceito de Kerouac com piadas e jargões:
Numa tarde fui à igreja da minha infância e tive a visão do que "Beat" realmente queria dizer...a visão da palavra Beat como tendo o significado de beatificado... As pessoas começaram a chamar-se a elas mesmas beatniks, beats, jazzniks, bopniks, bugniks e finalmente eu fui apelidado de "avatar" de tudo isto.
Estereótipos[editar]
Nas suas memórias, Minor Characters, Joyce Johnson descreveu como o estereótipo beat foi absorvido pela cultura americana:
A "Geração Beat" vendeu livros, vendeu suéters de gola rolê e bongos, boinas e óculos escuros, vendeu um modo de vida que parecia diversão perigosa — assim, para ser condenado ou imitado. Casais suburbanos podiam ter festas beatnik nos Sábados à noite e beber demais e acariciar as mulheres uns dos outros.7
Ann Charters observou a forma como "beat" foi apropriado para se tornar uma ferramenta de marketing:
O termo foi retirado porque podia significar qualquer coisa. Podia até ter sido explorado no afluente despertar da extraordinária década dos inventos tecnológicos. Quase imediatamente, por exemplo, anúncios de empresas discográficas hippies em Nova Iorque usaram a ideia da Beat Generation para vender os seus novos discos de vinil long-play.8
Quando fez o prefácio de The Beat Vortex, Thornton Lee Streiff encontrou uma imagem falsa resultante de uma amálgama de estereótipos recentes:
Geralmente, os repórteres não são bem entendidos em movimentos artísticos, ou na história da literatura ou na arte. E é mais que certo que os seus leitores, ou espectadores, sejam de uma habilidade intelectual limitada e têm de ter as coisas explicadas de uma maneira simples, em todo o caso. Deste modo, os repórteres na media tentam relatar algo que seja novo para o sistema já pré-existente e imagens que sejam apenas vagamente adequadas nos seus esforços para explicar e simplificar. Com uma variedade de fórmulas demasiado simplificadas e convencionais ao seu dispor, eles caíram de volta na aproximação estereotipada mais próxima do que é o fenómeno semelhante, como eles o viam. E ainda pior, eles não o viam claramente e completamente. Eles tinham uma citação aqui e uma fotografia ali — e era o trabalho deles embrulhá-lo pacote compreensível — e se parecia violar a doutrina predominante, mandatária e conformista, eles eram obrigados além disso a dar-lhe também uma volta negativa. E nisto, eles eram ajudados e cúmplices pelo Estabelecimento Poético do dia. Deste modo, o que saiu na ‘‘media’’: dos jornais, revistas, TV, e dos filmes era um produto dos estereótipos dos anos 30 e 40 — embora confusos — da mistura entre um artista boémio de Greenwich Village dos anos 20 e um musico de Bop, cuja imagem visual foi concluída através da mistura em pinturas Daliescas, uma boina, uma barba à Van Dyke, uma suéter de gola rolê, um par de sandálias, e um par de bongos. Alguns elementos autênticos eram acrescentados a uma imagem colectiva: poetas a lerem os seus poemas, por exemplo, mas até isto era feito de forma intangível fazendo os poetas falar numa espécie de falso idioma Bop. A consequência é, que mesmo embora nós saibamos agora que estas imagens não reflectem exactamente a realidade do movimento Beat, nós continuamos a olhar subconscientemente para isso quando olhamos para trás, para os anos 50. Nós nem sequer ainda escapámos completamente à imagem visual que tem sido tão insistentemente sobrecarregada sobre nós de uma forma forçada.9
Etimologia[editar]
A palavra "beatnik" foi inscrita por Herb Caen num artigo no San Francisco Chronicle a 2 de Abril de 1958.10 Caen cunhou o termo juntando-lhe o sufixo russo -nik depois de Sputnik 1, para a Geração Beat. A coluna de Caen surgiu com a palavra seis meses depois do Sputnik. Pode ter sido a intenção de Caen caracterizar os membros da Geração Beat como não-americanos. Opondo-se à distorção do termo por parte de Caen, Allen Ginsberg escreveu para o New York Times a lamentar "a obscena palavra beatnik," comentando, "Se os beatniks e poetas Beat não iluminados infestarem este país, eles não terão sido criados por Kerouac mas pela indústria da comunicação em massa que continua fazer lavagens cerebrais ao homem."

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