terça-feira, 1 de outubro de 2013

''Desde quando palavras pertencem a alguém?!''

 
A arte não é a imitação da vida, mas a vida é a imitação de um princípio transcendente com o qual a arte volta a nos por em contato.
ARTAUD
 
(...)
 
O plágio é necessário. É o progresso que o implica. Ele analisa de perto a frase de um autor, serve-se das suas expressões, apaga uma ideia errada, substitui-a pela correcta.
Fonte:
Poésies(LAUTREAMÓNT, ISIDORE DUCASSE)
 
(...)
 
As ideias melhoram. O sentido das palavras entra em jogo. O PLÁGIO É NECESSÁRIO. O progresso supõe o plágio. Ele se achega á frase de um autor- serve-se de suas expressões, apaga uma idéia errada, a substitui pela idéia correta.
(plagiado) por GUY DEBORD, A SOCIEDADE DO ESPE´TACULO(207_
 
(...)
 
Neste sentido, a literatura (como já disse ele em entrevistas) deve ser compreendida como um grande intertexto
Os escritores supõem que liberam palavras -não para encadeá-las em frases. Quem disse que eles são poetas, tal como o supõem? Poetas querem dizer cantar e fazer cantar palavras. Poetas não têm palavras "de sua propriedade". Escritores não têm suas próprias palavras. Desde quando palavras pertencem a alguém?! "Suas palavras próprias", de fato, francamente! E QUEM É VOCÊ?!!
William Burroughs
 
(...)
 
"A vida é um cut-up.
A cada vez que se olha pela janela ou que se anda pela rua, a consciência
descreve círculos, vai de frente para trás e vice-versa [...] uma das tarefas da arte é chegar o mais perto possível do mecanismo da percepção. (1973)"
idem

Um pouco mais de Cut-Up aqui: CUT-UP
William Burroughs
 
(...)
 
Nasci portenho e em um ano muito 1874. Não então imediatamente, mas logo depois, já comecei a ser citado por Jorge Luis Borges, com tão pouca timidez de encômios que pelo terrível risco a que se expôs com essa veemência, comecei a ser eu o autor do melhor que ele havia produzido. Fui um talento de fato, por avassalamento, por usurpação da obra dele. Que injustiça, querido Jorge Luis. (Macedonio, Papeles de Recienvenido)
MACEDONIO FERNANDEZ

...
 
Eu naqueles anos o imitei, até a transcrição, até o apaixonado e devoto plágio. (Borges, "Macedonio")
 
...
 
Por exemplo, a premissa de Borges em Kafka e seus precursores (1952) já aparece em um ensaio de Macedonio publicado em 1910: "Necessidade de uma teoria que estabeleça como não é o segundo inventor mas o primeiro que comete o plágio". Porém, para o leitor de Macedonio, esse seu ensaio de 1910 parece ser um plágio do ensaio de Borges de 1952, sendo ambos os ensaios, ironicamente, sobre a relatividade das cronologias e da originalidade na literatura. Suas posições são intercambiáveis: às vezes a obra de Borges atua como precursora da de Macedonio, às vezes Macedonio se impõe como um Sócrates ágrafo sobre a escritura de Borges.

Post Scriptum
 
Necessidade de uma teoria que estabeleça como não é o segundo inventor mas o primeiro que comete o plágio".

Jorge Luís Borges

Nenhum comentário:

Postar um comentário