sexta-feira, 18 de outubro de 2013

COMO NO INFERNO (6)


Lembro que uma vez entrei em uma biblioteca pública de Ouro Preto e sem querer me deparei com o ‘’Discurso Histórico e Político sobre a Sublevação que nas Minas houve no Ano de 1720'', onde o autor anônimo e contemporâneo dos fatos não tem dúvidas em vincular, em prosa inexcedivelmente barroca, a índole turbulenta dos garimpeiros a uma natureza animada por poderes infernais: ‘’Eu, contudo, reparando com mais atenção na antiga e continuada sucessão de perturbações que nelas se vêem, acrescentarei que a terra parece que evapora tumultos; a água exala motins; o ouro toca desaforos; destilam liberdades os ares; vomitam insolências as nuvens; influem desordens os astros; o clima é tumba da paz e berço da rebelião; a natureza anda inquieta consigo, e amotinada lá por dentro, é como no inferno’’. Seu Adamastor tinha combinado comigo que quando eu estivesse lá embaixo no fundo do rio, um puxão na mangueira equivaleria á marcação de uma hora cronometrada no relógio, assim que geralmente eu subia depois do terceiro puxão. Disse que quando desse dois puxões, equivaleria á marcação de meia-hora e que a partir de então eu deveria subir dentro de meia-hora. E, por fim, disse que se desse três puxões consecutivos, era para eu subir imediatamente. Eu estava mergulhando a mais ou menos dez metros de profundidade, num ponto totalmente selvagem do rio Guaporé, em Rondônia, perto da fronteira do Brasil com a Bolívia. O fundo do rio não chegava a estar mergulhado em trevas totais, mas tinha uma luminosidade baça e pardacenta, olhando para cima se via uma claridade filtrada pela água marrom e vultos de um ou outro peixe mais corpulento que passava na luz ou na periferia da minha visão e logo era arrastado pela poderosa corrente. Dois ou três metros á frente, estava um outro mergulhador, um caboclo que Seu Adamastor tinha contratado para dar agilidade á mandada, mas dessa vez éramos só os três. Eu não conseguia ver o outro mergulhador, mas podia localiza-lo pelo barulho da draga dele quando Seu Adamastor desligava a minha lá em cima, e por algum motivo misterioso ele vinha desligando minha draga sistematicamente, a intervalos irregulares, o que não era muito comum. Assim que ela parava de engolir o material do fundo do rio, eu virava para todos os lados e localizava o outro caboloco, mas na última vez que a minha foi desligada, eu simplesmente não ouvi a dele e logo me dei conta de que alguma coisa errada estava se passando lá em cima. Estávamos embaixo do rio há apenas uma hora e alguns minutos e o primeiro puxão já havia sido dado por Seu Adamastor. Caminhei alguns passos na direção em que tinha ouvido a draga dele pela última vez e consegui localiza-lo. Ele me percebeu ali e chegou perto de mim. Então pude ver ele de corpo inteiro na minha frente, se aproximou mais um pouco e abriu os braços, como quem se perguntasse o que estava acontecendo. Abri os braços como ele e balancei a cabeça para os lados negativamente. Assim como ele, não tinha a menor idéia do que estava acontecendo lá em cima, a não ser que a força da corrente tinha aumentado um pouco nos últimos dez minutos e que talvez estivesse chovendo. De repente, um vulto de alguma coisa muito grande passou acima das nossas cabeças. O caboclo se apavorou imediatamente e puxou a faca presa na perna e começou a se virar para todos os lados, seu ataque de pânico foi absolutamente contagioso, puxei minha faca também e em alguns segundos eu já estava tão ou mais apavavorado do que ele, olhando para tudo que se mexesse á minha volta em busca de algum sinal daquela coisa de proporções monstruosas que tinha passado em linha reta sobre nós. Pensei numa sucuri, mas era grande demais.. Pensei num caymã, uma das maiores e mais agressivas espécies de jacaré do Brasil, mas teria que ser um verdadeiro aligator, um bicho de dimensões jurássicas, não tinha nada disso por ali, mas fiquei com a idéia fixa do caymã gigante na mente enquanto olhávamos para todos os lados em pânico. Subitamente, a coisa passou outra vez e o caboclo se encostou em mim, agora ele parecia fora de si, puxando a corda e a mangueira desesperadamente, na esperança de Seu Adamastor emitir algum sinal lá de cima. Puxei a minha corda também, pensando que era estranho o mesmo bicho passar em linha reta sobre nós naquela velocidade, a força da corrente tinha aumentado muito agora e já era difícil ficar com os pés fincados no fundo do rio. A resposta de Seu Adamastor não poderia ser mais desesperadora, senti minha corda transmitindo uma sequencia de puxões tão fortes lá de cima que aquilo traduzia automaticamente a carga dramática do que estava se passando no coração de Seu Adamastor. Não foram três, mas dezenas de puxões desesperados, que não estavam somente nos avisando para subir imediatamente, mas tentando nos puxar para cima como se o mundo estivesse acabando na superfície. Começamos a subida imediatamente, completamente apavorados pela presença do que eu ainda pensava ser um caymã gigante. Subimos uns dois metros com dificuldade sem nem cogitar de fazer uma descompressão de segurança e a corrente automaticamente nos engoliu e arrastou, já não via mais o outro mergulhador e girava sobre mim mesmo de cinco em cinco segundos, segurando firme a corda amarrada na minha cintura com uma das mãos e o bocal do snorkel com a outra. Completamente aterrorizado, eu ainda pensava fixamente no caymã gigante, não dava mais para ver nada, me perguntando quando ele viria me colher com a boca descomunal e arrancar um pedaço ensanguentado do meu flanco. Então senti o encontrão de algo muito grande, duro e cascudo. Meu coração saltou até a boca e numa reação histérica de terror acabei deixando a faca escapar da minha mão. A coisa estava me arrastando junto com ela e á todo momento eu esperneava tentando chutar para longe a boca assassina do bicho. Girei o corpo, me contorcendo por baixo da massa cascuda, e de repente senti em sua extremidade algo como patas finas cobertas por algo como escamas ou uma cobetura de pequenas lascas de uma pele muito fina. A moita escamada varreu o meio rosto então subitamente me dei conta de que aquilo não era uma sucuri quilometrica da grossura de um poste, nem um caymã gigante do tamanho de um caminhão, mas uma árvore! Me livrei dela chutando ela para o lado e a minha primeira idéia logo depois de fazer isso era a de que toda a bacía do rio Amazonas estava passando por cima de mim de uma única vez e arrastando tudo que estivesse pela frente e que provavelmente lá em cima Seu Adamastor e sua balsa á diesel eram como um folha girando dentro de um furacão aquático. Subi mais alguns metros e, já quase pronto para ganhar´a superfície, concluí mais sensatamente que ele devia estar desesperadamente tentando arrastar a balsa para a margem. Todo aquele tempo em que estive sendo sacudido, embrulhado e revirado por grandes volumes de água, repetia mentalmente, com a máxima precisão, as palavras: ''MEU DEUS! MEU DEUS! MEU DEUS!'', paralisado internamente pelo terror e pensando que eu não queria morrer daquele jeito violento e sim muito velho e numa poltrona confortável numa casa de praia, babando gosma verde em cima do suplemento literário do jornal de domingo... Mas num estalo de consciência, numa revolta de aflição e desespero, voltei a controlar meu corpo e seus movimentos e tomei a resolução física de sair daquela situação terrível de morte por afogamento. Comecei a debater-me com pernas e braços para o alto, tentando não pensar que estava sendo arrastado numa velocidade incrível pela correnteza e que numa luta empedernida contra a natureza eu era pouco mais que um micróbio desafiando a ira de Deus. Parecia que meus tímpanos iam explodir a qualquer momento. No meio da subida, enquanto lutava contra a água e todas as coisas sólidas que agora me atingiam á todo momento, percebi que tinha me entrelaçado com uma cara, um rosto, o snorkel e a mangueira de outro ser humano, era o outro caboclo, estava vivo e lutando desesperadamente como eu. Agarrei todas essas coisas diante de mim ferozmente, perdi-as, tornei a acha-las no meio do líquido rebuliço pardacento de borbulhas, perdi ele mais uma vez, finalmente, ele segurou meu braço e me puxou para cima. Rolamos de um lado para o outro, ele ainda segurava meu braço. Chegamos juntos á superfície. A balsa estava girando sobre si mesma nomeio do rio a uns cinco metros de distancia de nós dois. O céu estava assustadoramente preto, chovia torrencialmente e só a muito custo dava para ver os contornos da balsa girando sem controle á medida que descia rio abaixo e Seu Adamastor de pé na beirada absolutamente horrorizado e sem conseguir acreditar no que estava acontecendo. As cordas nas nossas cinturas estavam esticadas ao máximo e íamos sendo arrastados rio abaixo junto com a balsa. O caboclo tirou o snorkel da boca e gritou Seu Adamastor, mas não dava para ouvir nada no meio daquela tempestade. Olhei para trás e percebi quatro árvores descendo na nossa direção á toda. Com muita dificuldade, o caboclo continuou gritando até o ponto de suas têmporas quase explodirem. E agora sim tínhamos ouvido uma voz em resposta, como um uivo longínquo. A correnteza varria nossas cabeças como uma enorme onda furiosa e ininterrupta e nós a recebíamos sem defesa alguma diretamente contra nossos rostos, tendo ambas as mãos ocupadas em segurar firme a corda. O movimento da balsa era extravagante, com súbitas guinadas indefesas. O motor arfava como se mergulhasse a balsa de cabeça no vazio para logo depois encontrar uma parede de água irada na qual bater violentamente. Quando adernava, quase virava realmente de ponta e, ao endireitar-se, sacudia-se de uma forma tão demolidora que dava para ver Seu Adamastor cambaleando como se fosse um homem que acabasse de receber uma cacetada na cabeça antes de desmoronar. O vento da tempestade zunia em nossos ouvidos e causava um gigantesco tumulto aquático na escuridão, como se o mundo a nossa volta estivesse sendo engolido apressadamente através de uma escura garganta de água. Em alguns momentos soprava tão forte, que parecia que ia varrer a balsa e Seu Adamastor da superfície. Eu fazia um tremendo esforço na água para recompor minha sanidade mental e julgar as coisas com frieza. Eu e o caboclo estávamos mais perto da balsa agora, mas continuávamos descendo rio abaixo perigosamente, vislumbrando desolados a balsa cada vez mais ao centro da correnteza. Era tudo o que dava para perceber: a balsa como uma rocha costeira deslizando descontroladamente pelo meio da correnteza, a água rasgando tudo á sua volta, escorrendo, chovendo, batendo. Eu e o caboclo éramos como náufragos tentando se dependurar num líquido vazio, rolando sem trégua ou descanso sobre nossos rostos mascarados. A balsa estava sendo pilhada pela tempestade com uma fúria destrutiva e sem sentido, metade do telhado de folhas de coqueiro secas já tinha sido arrancado, lonas e toldos com amarras duplas carregadas pelo vento, a ponte dianteira varrida, as amuradas torcidas, os anteparos das lâmpadas do interior despedaçados. Foi somente meia hora depois de muito de tudo isso, descendo rio abaixo numa velocidade que não parava de aumentar, com as mãos em carne viva de tanto puxar a corda na direção da balsa, que eu e o caboclo conseguimos subir nela. Seu Adamastor nos ajudou a subir á bordo e novamente pudemos ouvir sua voz, que agora tinha um timbre inseguro e intimidado, dizer ''Agora tamo indo na direção de um banco de areia do lado daquela prainha onde ces mergulharo ontem(...) é a única chance de parar a balsa(!)'', sua voz terminou a última frase soando fraca e artificialmente esperançosa, mas produzindo um efeito penetrante de tranquilidade provisória na discórdia enorme de todo aquele barulho de vento e água enfurecida. Novamente ele falou alguma coisa, mas o zunido do vento era tanto que não ouvimos direito e logo depois a balsa jogou para o lado com tanta força que nós trés caímos no chão.. falar na balsa era como tentar proferir uma palavra de fé arrependida em pleno dia do juízo final. O caboclo se equilibrou de joelhos no chão e gritou: 'Não tem o que fazer, Seu Adamastor(!!)'', a voz de Seu Adamastor, ainda fragilmente esperançosa, apesar de estar a meio metro de distância do caboclo, gritou irritadamente : ''Vira essa boca pra lá, filho de uma égua(!)'', foi a última coisa que escutei, depois a chuva e o ruído aumentaram tanto que era inútil falar qualquer coisa e já mal se via as margens do rio Guaporé. ''O QUE- ESPERAR - MOMENTO- PARAR- BALSA -NÃO TEM O QUE FAZER '', eu já não sabia quem estava falando o que, mal via os dois a minha frente, tamanha era a intensidade e abandono com que eu me agarrava na amurada da balsa. Eu só podia imaginar, mais do que fazer alguma coisa propriamente. Uma ensurdecedora parede de água caída do céu inibia qualquer pensamento meu. Era inacreditável que ainda boiássemos, e mais inacreditável ainda que pudéssemos sair dessa situação para uma menos pior. Alguma coisa revolvia a balsa por dentro, fazendo com que ela parecesse que ia se partir a qualquer momento. "'Perda total'', eu disse para mim mesmo, já imaginando algumas noites de pesadelo no meio do mato para não pensar em algo pior, uma surpreendente agitação mental que no fundo queria me fazer aceitar que algumas coisas desse tipo estão destinadas a acontecer com garimpeiros, que somos uma raça amaldiçoada por Deus. A balsa não aguentaria aquilo por muito tempo mais, e ninguém á bordo podia fazer realmente nada, como observou desoladoramente o caboclo. Ouvi com dificuldade a voz de Seu Adamastor que agora era um pouco mais alta do que antes, sob o ataque violento da parede de água da chuva que desabava sobre nós. ''Sabe onde foi parar os remos?'', me perguntou vigorosamente, vencendo a força da água e do vento, e separando-se espiritualmente da derrotista desolação do caboclo. Eu não sabia, para mim era inacreditável que alguma coisa restasse dentro da balsa além de nós três. Nenhum de nós tinha a menor idéia de para onde tinham sido arrastados. ''Vou precisar de dois homens(!)'', Seu Adamastor disse de repente ''É possível(?!)'', perguntou num grito apreensivo. O caboclo agora se levantou e se colocou á disposição, e assim como eu se preparou para aquele último esforço de misericórdia para salvar a balsa de Seu Adamastor. A idéia era arrancar uma das compridas tábuas que formavam a amurada e tentar utiliza-la como remo para jogar a balsa contra a prainha (um banco de areia e pedras) pela qual passaríamos dentro de algum tempo. Todos seguramos firme a lateral da amurada e começamos a fazer força, numa explosão incontida de fúria muscular. Uma ataque traiçoeiro da correnteza fez a balsa dançar e todos caímos no chão novamente. A balsa girou sobre si mesma e ficou balançando de um lado para outro exatamente no centro da correnteza, enquanto a água corria furiosamente sob ela numa larga curva do rio Guaporé. Mas a tábua da amurada havia cedido, sem exigir maiores transtornos. Mal a tábua caiu no chão, Seu Adamastor se ergueu do chão e começou a berrar ordens de comando enlouquecidas nos nossos ouvidos, como uma Fénix ressurgida das cinzas de um colapso mental. Cada ordem que o velho berrava nos nossos ouvidos eram como um fragmento mínimo daquele colapso, mergulhando nossas mentes em um rodamoinho violento de esperança súbita. Eu e o caboclo arrastamos a tábua por cima do resto de amurada da balsa e mergulhamos ela na água, fazendo um esforço descomunal para não deixa-la escapar das nossas mãos. Vinham montanhas de espuma barrenta arremessada contra nossos rostos, colhendo a correnteza de frente. A balsa esboçou uma direção diferente assim que mergulhamos a tábua na água. Meu coração ofegante gritou de expectativa enquanto Seu Adamastor continuava berrando atrás de nós, como que para não nos fazer relaxar nem um segundo sequer. A tábua lutava mergulhada na correnteza para não partir debaixo daquela força de jorro impiedosa. Havia uma espécie de ódio ardendo na força com que a correnteza tentava arrancar a tábua das nossas mãos ou faze-la em pedaços. A balsa avançava na direção em que fazíamos força, mas acuada por todos os lados, sofrendo terríveis empurrões, pancadas, atirada para cima, para baixo. Seu Adamastor vez por outra nos segurava para não cairmos com os trancos absurdos que a todo momento tentava nos atirar dentro do rio com tábua e tudo. "'TÁ INDO TÁ INDO TÁ INDO(!!)'', o velho berrava, esgoelava sob o ruído incessante da chuva como um desces gritos que descem do centro de um furacão. Os contornos da prainha surgiram á nossa frente como um dramático pensamento que surgisse dentro de uma mente desesperada, e o último grito de Seu Adamastor foi como uma vibração física inaudível acrescentada ás ondas tempestuosas do ar. Não esperava nada como resposta que não fosse o inconquistável tranco no banco de areia em meio ao gigantesco tumulto da correnteza. ''SEM PARAR(!) SEM PARAR(!) SEM PARAR(!)'', continuou gritando, como se o único objetivo daquilo fosse resistir enlouquecidamente ao poder do temporal. O velho já tinha amarrado as cordas de nossas cinturas no que tinha sobrado da amurada da balsa. Todos os nossos músculos permaneciam tão tensamente enrijecidos, que já não me restava forças para manter os olhos abertos para ver o que acontecia adiante. Uma sensação angustiante de dor insuportável nas mãos e nos braços coexistia lado a lado com uma incrível disposição para soltar a tábua e aceitar morrer imediatamente. Meu corpo tremia tanto, que quando a balsa bateu no banco de areia da prainha, eu desabei no chão semi inconsciente. Achei que tinha morrido, minha mente havia mergulhado subitamente num buraco negro, dispersa e desnorteada ao mesmo tempo. De repente, alguma coisa empurrou-me por trás dos joelhos e eu me senti em pé. O caboclo e Seu Adamastor tinham me suspendido pelos ombros. A mão do velho agarrou meu braço e depois balançou meu rosto em todas as direções. Voltei a mim, mas completamente inutilizado permaneci dentro da balsa, escorado na amurada, enquanto ele e o caboclo amarravam as cordas das nossas cinturas nas pedras do banco de areia em que tínhamos atracado milagrosamente. Assim que terminaram o serviço do lado de fora, eu me levantei como um Lázaro e caminhei para fora da balsa para me juntar a eles no banco de areia. Os gritos roucos de comando de Seu Adamastor, apesar de ainda um pouco ininteligíveis, já que tínhamos conseguido atracar e amarrar a balsa nas pedras, sugeriam no meu espírito um sentimento de viva satisfação. Não dava para disfarçar, aquele velho louco estava realmente satisfeito com nosso desempenho. ''Alguém tem um cigarro aí(...)'', perguntei completamente encharcado debaixo da chuva, sentindo que assim que deitasse na areia iria apagar e dormir durante cinco dias seguidos. ''Os cigarro e as batata deu pra salvar, mô fio(..) Deus é grande(!)'', ele disse e eu imediatamente caí de joelhos no chão e logo depois fiquei estatelado de braços abertos na areia ''Grande até demais(...)'', pensei comigo mesmo, beijando a areia da prainha como se ela fosse um poodle francês no colo de uma sócia-light cinquentona que fosse pagar minhas contas para o resto da vida.
(continua)
KALKI-MAITREYA

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