sexta-feira, 7 de junho de 2013

A obra de arte e o artista




A psicologia analítica não pretende nunca opinar sobre o valor estético das obras de arte nem explicar o fenômeno da arte. Estas áreas pertencem aos críticos de arte. Seus pronunciamentos limitam-se a pesquisas concernentes aos processos de atividade criadora e ao estudo psicológico da estrutura da produção artísitca. Suacontribuição maior será a decifração das imagens simbólicas que tomam forma na obra de arte, trazendo luz sobre as significações que encerram e que excedem as possibilidades comuns de compreensão da época em que adquiriram vida.
N perspectiva da análise´psicológica, Jung distingue dois processos diferentes na criação de obras literárias: o processo psicológico e O VISIONÁRIO.
A) As obras resultantes da primeira de criar são compreendidas por seus leitores sem maiores dificuldades. Os temas em que se baseiam nos são conhecidos - as paixões, os sofrimentos do homem, seus feitos, as tragédias de seu destino. Pertencem a este tipo os romances de amor, o romance social, a poesia lírica, apoesia épica, comédias e tragédias. Poderemos acompanhar cheios de emoção as peripécias que se desenvolvem nessas obras, mas nunca elas nos comunicam sentimentos de ESTRANHEZA. O romancista e o poeta lírico tomam seus temas nas experiências vividas no curso da vida humana normal e, elevando-as ao plano da expressão artistica, universaliza-os. Os estudos psicológicos dessas obras nunca trazem contribuições importantes.
(...)
B) As obras de arte visionárias causam perturbadora impressão de ESTRANHEZA. Não se trata das vicissitudes humanas por que passam seres conhecidos que aqui nos inquietam. O que ocorre é que esses artistas e suas obras se nos apresentam misteriosos e existem numa atmosfera ainda mais misteriosa. Nas obras de arte desse tipo a experiência humana comum ou o objeto que constituem o tema da elaboração artística nada tem que nos seja familiar. Sua essência nos é estranha e parece provir de distantes planos da natureza, das profundezas de outras eras ou de mundos de sombra ou de luz existentes para além do humano. Este tema é uma experiência primordial que excede a compreensão e face á qual o homem sente-se petrificado pela sua singularidade ou frieza ou dificuldade ou, ao contrário, pelo seu aspecto significativo e solene que parecem, tanto num quanto noutro caso,surgir do fundo das idades.
Neste tipo de obra de arte (visionária) o artista não domina o ímpeto que dele se apodera. Simplesmente obedece e executa, ''sentindo que sua obra é bem maior que ele e, por este motivo, possui uma força que lhe é impossível comandar''
JUNG Vida e Obra
Nise da Silveira

 

6 comentários:

  1. de 'formas de comportamento mental que não compreendemos direito'

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  2. ''Não temos nenhuma tradição de xamanismo,nenhuma tradição de se aventurar nesses mundos mentais... o Ocidente tem pavor do INCONSCIENTE.

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  3. ''Isso acontece porque a mente ocidental é um castelo de cartas, e as pessoas que construíram e mantêm esse castelo sabem disso... por isso tem pavor do INCONSCIENTE.

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  4. EXISTE UMA ENORME FOBIA DA MENTE ENTRE NÓS,QUE FAZ COM QUE A MENTE OCIDENTAL SINT-SE ENJOADA QUANDO OS PRIMEIROS PRINCÍPOS DESSA NARRATIVA CLAUSTROFÓBICA SÃO QUESTIONADOS

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. Nós adoecemos por seguirmos um caminho de racionalismo sem limites,atenção escravizada ás superfícies das coisas,praticalidade materialista, visão geral e vaga de tudo, ... o século vinte é um enorme esforço de auto-cura:muitos fenômenos diferente que vão do surrealismo ao retorno integral á diversos tipos de tribalismo urabno representando vários estilos de rejeição de valores lineares adotados pela sociedade

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