quinta-feira, 13 de junho de 2013

Intensificação por desmantelamento

 

Essa busca em que a tensão entre razão e transcendencia religiosa se traduz em um modo não muito tranquilizador de proceder com a linguagem e o pensamento, se apresenta como deliberada em nossa obra.




Métodos de intensificação por desmantelamento: Burroughs leu Joyce com olhos de quem nunca interrompe a busca por outra maneira de pensar e extraía assim geometrias intertextuais que estavam além da expressão verbal literária. Se o método surrealista buscava criar um vínculo novo para as associações com a escrita automática ou mediúnica, os métodos de Burroughs quebram todo vínculo, toda associação, toda linha de associação.
 




O controle dos meios de comunicação depende do circuito das linhas de associação.



Se o controle está esparramado por todo o campo social é necessário quebrar sua sintaxe e criar interferências em suas estruturas de linguagem. Quando as linhas são cortadas as conexões engessadas se rompem, pois as linhas de associação do pensamento-escritura são também mecanismos de controle. Um vírus criado para evitar a expansão da consciência.



Posto que o controle é um biopoder de todo o campo, os métodos de escritura devem ser fluidos e luminosos mecanismos de desmantelamento multidimensionais: Burroughs acreditava que ao mesclar a ordem das gravações e a ordem das imagens era possível gerar uma fissura na maquinaria de controle parai introduzir por aí uma pauta de ordem alterada ou estado alterado de consciência para explorar o signo e o símbolo fora do contexto em que o aprisiona e impede a ruptura de nível.



O vírus de controle é uma pequena unidade composta por palavra e imagem. O pensamento reativo ou diálogo interno, nossa herança reptiliana e anfibológica, pode ser reduzido a essa pequena unidade.



''Tente alcançar ao menos dez segundos de silêncio interno. Você vai se debater com um vírus interno resistente que te obriga a falar consigo mesmo. Esse vírus é a palavra e o pensamento reativo.



O vírus do controle deixa fora de ação os centros do sistema nervoso que servem ás faculdades da LUZ em nós e cria adicção ao diálogo interno. O diálogo interno ou pensamento reativo, uma vez que encontra um ponto de atração se torna um vírus que começa a comer a si mesmo e fazer cópias de si que começam a comer a si mesmas e a fazer mais copias de si indefinidamente.


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