quinta-feira, 25 de abril de 2013

BODHIDHARMA NA CHINA



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Bodhidharma chegou à conclusão que de todas as práticas Budistas, a mais importante era a meditação. A essa nova concepção do Budismo, Bodhidharma denominou Dhyanna, que em sânscrito quer dizer meditação. Entretanto, para os Chineses, a pronúncia do sânscrito era muito difícil e acabou sofrendo modificações fonéticas que mudaram sua pronúncia para C’hanna e finalmente C’han, no Japão recebeu o nome de Zen e na Coréia o nome de Sun. Praticamente todas as mais representativas manifestações da cultura japonesa fundamentam-se no pensamento Zen (A Ikebana, o Bonsai, a pintura Sumi-e, o teatro No e Kabuki, o Kyudo, o Kempo, o Judo, o Karate etc.)

Graças aos esforços do maior samurai da história do Japão Shinmen Musashi No Kami Fujiwara No Genshin (1584-1645), que fundamentado no Zen criou o Bushido (Código de honra dos samurais), o Zen se encontra fundido com as Artes Marciais, de forma quase indivisível. Jigorokano, criador do Judo, mantinha um monge Zen na sua escola para ensinar a seus discípulos o verdadeiro valor da disciplina mental nas Artes Marciais. No livro autobiográfico de Guichin Funakosh (O pai do Karate), o autor faz várias referências ao Zen. Quem examinar os livros dos mestres de Karate Gogem Yamaguchi (Goru-Ryu), Masutatsu Oyama (Kyokushin Kai Kan) e Kanazawa (Shotokan) poderá ver várias fotos dos mesmos em meditação Zen. Os nomes dos movimentos formais do Tae Kwon Do, Hapkido e Hwarang-Do são nomes de monges Zen coreanos.

O nascimento do Kung Fu

Quando Bodhidharma chegou à China e se hospedou no Mosteiro Shaolin, percebeu que dada à severidade das meditações que ele obrigava os monges a executarem, os mesmos, devida a sua péssima condição física, não resistiam e desmaiavam durante a prática, deste modo, constatando o estado físico precário dos monges, Bodhidharma começou a lhes ensinar a Arte Marcial aprendida com seu mestre Prajnatara, para fortalecê-los e capacitá-los a suportar com mais eficiência o exercício da meditação.

Durante muito tempo, alternaram-se no treinamento fisíco e mental de modo que ano após ano eles ficavam cada vez mais fortes, saudáveis e respeitados, pois uma arte ajudava a outra a se desenvolver, assim como os defendia e ao mosteiro dos eventuais ataques e invasões de ladrões e salteadores.

Contam os historiadores que para Bodhidharma, tanto a prática do Budismo como das Artes Marciais tinham igual valor diante dos objetivos de autoconhecimento e desenvolvimento da sabedoria.

Com o tempo, a prática das Artes Marciais como meio de desenvolvimento mental e espiritual, passou a substituir grande parte da meditação formal, nas atividades do Monastério, fazendo o templo famoso, não como um escola budista, mas sim como uma escola de Artes Marciais.

A Arte Marcial ensinada no templo era mantida em segredo, sendo transmitida somente aos que já haviam recebido suas vestes monásticas e feito os votos mais elevados. A razão para este procedimento era o fato das técnicas serem perigosas, podendo ser uma grande vantagem nas mãos de pessoas menos esclarecidas e que não possuíssem o conhecimento da doutrina Budista.

É interessante notar que já existiam técnicas de combate em épocas pré-arianas, quando a Índia ainda era habitada pelos Dravidas, embora a cultura Draviniana tenha sido relegada ao esquecimento após a invasão dos arianos, as técnicas de combate permaneceram e foram preservadas como tradição dos nobres pelas castas de guerreiros (Kshastryia). Segundo os historiadores, mesmo depois de ter atingido a suprema iluminação e ter-se transformado em Bhuda, ensinava Artes Marciais aos seus seguidores como prática ascética.

Com a invasão da China pelos Manchus, em que foi dizimada toda a dinastia Ming, fato esse que obrigou os oficiais do exército Chinês a fugirem ou refugiarem-se nos templos Budistas, por serem territórios apolíticos e independentes, assim como pela excelência de suas localizações e exageradas dimensões. Esses refugiados acabaram sendo treinados pelos monges para que pudesse tentar impedir a invasão. Entretanto, a verdadeira Arte Marcial que era utilizada apenas como defesa e recurso de meditação e ao desenvolvimento espiritual (Nessa etapa da história, a arte já tinha um nome – C’han Tao Chuan, a Arte dos punhos do caminho da meditação) era somente ensinada aos monges já ordenados. Ao longo dos anos de guerra, todos os templos foram lentamente sendo destruídos, ante a superioridade numérica e beligerância dos invasores, até que todos os templos foram destruídos e seus monges mortos e decapitados, restando apenas o de Shaolin, que sofria longo cerco das tropas sem que sucumbisse, devido às suas enormes proporções e muros inexpugnáveis. Entretanto, o templo também teve seu traidor.

Despeitado por não ser autorizado a acessar às técnicas marciais e, motivado por uma grande recompensa e um alto cargo público no novo governo, um monge de categoria inferior de nome Ma Ning Yee, em conjunto com oficiais do governo Manchu, envenenou a água do templo e o incendiou no dia 25 de julho de 1773 dC.

Do incêndio e envenenamento, somente sobreviveram e conseguiram alguns monges. Desses monges, o que se sabe é que alguns passaram a ensinar técnicas de luta ao exército nacionalista, outros abriram escolas de Artes Marciais, alguns acabaram sendo perseguidos e mortos pelas tropas Manchus. O restante dos monges sobreviventes, um emigrou para o interior da China, abrindo uma escola e fundando um estilo de Arte Marcial, outro fugiu para a Coréia e, três foram acabar em Okinawa no Japão, onde acabaram se envolvendo com outra guerra, pois Okinawa era dominada por um senhor feudal (Senhor de Shimasu) que maltratava muito seus vassalos e, unindo seus conhecimentos tanto de luta como da doutrina Budista com os de outra arte de combate rudimentar chamada Okinawa-Te (As mãos de Okinawa) acabaram por força das circunstâncias ajudando a criar o Karate-Do (Mãos chinesas) Até hoje em todos os Dojôs, antes de se iniciar a aula efetuam-se prostações e cumprimentos em sinal de respeito e agradecimentos a imagem ou estátua de Bodhidharma, bem como em todos os Mosteiros e templos da tradição Zen encontra-se um oratório específico ou efetua-se regularmente cerimônias para o grande Patriarca Bodhidharma.

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