Essa nova língua que, segundo pretendem alguns, Mallarmé criou por não se sabe que desejo de esoterismo – e que Jacques Scherer estudou muito bem há tempos – é a língua estrita, destinada a elaborar, segundo novas vias, o espaço próprio da linguagem, que nós, em nossa prosa cotidiana assim como no uso literário, reduzimos a uma simples superfície percorrida por um movimento uniforme e irreversível. A esse espaço, Mallarmé restitui a profundidade. Uma frase não se contenta com desenrolar-se de maneira linear; ela se abre; por essa abertura, sobrepõem-se, soltam-se, afastam-se e juntam-se, em diferentes níveis de profundidade, outros movimentos de
frases, outros ritmos de falas, que se relacionam uns com os outros segundo firmes determinações de estrutura, embora estranhas à lógica comum – lógica de subordinação – a qual destrói o espaço e uniformiza o movimento.
BLANCHOT, 2005, p. 347).
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