quarta-feira, 17 de julho de 2013
Após Jacques Derrida vem o futuro
John D. CAPUTO
University of Syracuse. Syracuse – New York, USA. 13244-5040 - jdcaputo@syr.edu
John D. Caputo é titular da Cátedra Thomas J. Watson de Religião e Humanidades no Departamento de
Religião da Universidade de Siracusa. É especialista na filosofia continental da religião e vem trabalhando
em abordagens à religião à luz da fenomenologia contemporânea, hermenêutica e desconstrução. Tem
vários livros publicados sobre pós-estruturalismo e teologia, entre eles Radical Hermeneutics, The Prayers
and Tears of Jacques Derrida, The Weakness of God, After the Death of God, On Religion and What Would
Jesus Deconstruct?
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Derrida admite estar preocupado com sua morte, chega a imaginar cenas
lúgubres de sua família, reunida ao redor de seu túmulo, pronunciando as palavras
finais. Ele visualiza notas dos jornais anunciando a morte do filósofo francês em um
acidente de carro, envolvido em uma colisão fatal enquanto, aparentemente, fazia
anotações em um bloquinho que mantinha no banco da frente de seu carro. Mas
Derrida está igualmente preocupado com a morte da desconstrução, e, certamente,
nem ele e tampouco nós podemos dissociar as duas mortes, visto que não nos resta
muito a fazer a não ser especular se haverá vida para a desconstrução após Derrida.
Desse modo, ele tem viajado ao redor do globo em uma autêntica peregrinação
papal, visitando todas as comunidades de desconstrução, ministrando aulas em dois
continentes e proferindo palestras nos outros. Ele mantém a palavra viva, anunciando
a boa nova da vinda, oui, oui, do Messias que está prestes a chegar, falando mais em
inglês do que em francês, em um mundo que ele percebe – em primeira mão – estar
se tornando cada vez mais anglofônico e globalatinizado. Mesmo hoje, aos setenta
anos, apesar de jurar que está parando, ele continua visitando todas as igrejas.
Ao mesmo tempo, Derrida se diverte ao testemunhar a frequência com que
a desconstrução é declarada morta. E isso acontece com uma regularidade quase
previsível. Quanto mais conferências são organizadas sobre a desconstrução, mais
livros e artigos aparecem sobre o assunto, maior é o estrondo causado pelas vozes que
agora, fi nalmente, a declaram morta. Logo, a desconstrução deve ser um fantasma,
conclui Derrida, pois o que mais poderia estar tão vivo e, ainda assim, morto? O
que mais, além de um fantasma, poderia provocar tantas manifestações, aparecer em
tantos lugares, ser visto e debatido por tantas pessoas, enquanto, de fato, está morto
e enterrado? O que senão um fantasma poderia vaguear noite e dia depois de morto
há algum tempo? E o que mais seria o próprio Derrida, com seu cabelo cinzento e
sua língua sedutora, senão um espectro sibilino, cuja aparição tem o poder de encher
um auditório com milhares de pessoas curiosas, digamos, mortas de vontade de
testemunhar sua aparição?
Pronunciamentos acerca da morte da desconstrução são ocorrências quase
que semanais. A desconstrução está acabada, uma moda passada (passando agora
pela sua quarta década!). A desconstrução despontou na década de 1960 como
uma espirituosa forma de leitura que parecia ameaçar tudo de estabilizado e
respeitável na vida acadêmica, como uma tentativa de autorizar toda forma de
licenciosidade literária, de permitir qualquer interpretação, de endossar qualquer
leitura irresponsável. Assim, seu primeiro sucesso foi um succès de scandale, o sucesso
de um choque prontamente absorvido por uma geração de acadêmicos opositores
e críticos à Guerra do Vietnam —"The Ends of Man" foi proferido na cidade de
Nova Iorque com um prefácio que expressava suas reservas em falar num país que
empreendia tal guerra. A desconstrução, aparentemente, defendia uma anarquia
acadêmica diante dos sistemas totalizantes e opressores de leitura, interpretação
e pensamento. Aqueles eram dias inebriantes e a desconstrução era irrefreável.
A única coisa que poderia pará-la seria ela mesma, quando o sucesso superasse o
escândalo, quando ela conseguisse estar na crista da onda, quando o espirituoso
marginal se tornasse tão in que, em virtude da respeitável lógica daquilo que está
na moda e fora dela, estivesse out. Quando algo, não importa o quão marginal seja,
consegue fi car "in", deve estar out. Ele se torna hegemônico, uma outra versão
do sistema, uma outra força de marginalização. A onda da desconstrução surgiu
e cresceu nos anos de 1960, tomou forma na década de 1970, e, fi nalmente, ruiu
nos anos de 1980. A desconstrução encontrava-se, então, defi nitivamente morta.
Suas credenciais feministas não estavam inteiramente em ordem; sua política não
era clara, e, além disso, os estudos culturais e escrever sobre Elvis e a Disneylândia
pareciam mais divertidos. O indócil e voraz monstro dos modismos já havia
seguido seu curso.
Mesmo assim, livros e artigos continuaram a ser publicados, conferências
continuaram a ser organizadas, e, onde quer que Derrida estivesse ou ainda hoje
vá, não há auditório suficientemente grande para comportar a plateia, a exemplo do
que aconteceu recentemente em Toronto, em 2002, quando cerca de 1500 pessoas
se acotovelaram em um salão de baile, no encontro anual da A.A.R (Academia
Americana de Religião), para ouvir uma mesa redonda com Derrida — sobre religião.
Logo, de acordo com a lógica do fantasma, da "assombrologia" [hauntology], como ele
brinca, o morto está mais vivo do que nunca, para ser visto e ouvido em todo lugar,
apesar de nos terem assegurado que ele estava morto.
Em 1984, em Erring, Mark Taylor concentrou toda a energia em certo tipo
de desconstrução, uma que tinha sido construída a todo vapor nos departamentos
de inglês e literatura comparada nos Estados Unidos, alistando a desconstrução ao
serviço daquilo ele chamou de a "hermenêutica da morte de Deus". A primeira
versão da morte de Deus permaneceu atrelada a uma concepção ontoteológica
e fundamentalista, tendo apenas substituído Deus pelo homem, a teologia pela
antropologia, na célebre crítica transformacional dos jovens hegelianos, mas sem,
contudo, desafiar as idéias de base e centro. Já em uma segunda e mais radical
versão, impulsionada pela desconstrução, ela questionou a própria idéia de centro
e subjetividade, de base e fundação, e permitiu que Deus se dissolvesse de forma
indelével no mundo, da escritura sagrada na écriture. Deus está, de fato, morto e tudo
mais é permitido. Las Vegas, aí vamos nós.
O que, em minha opinião, é de fato verdade acerca dos recorrentes rumores
sobre a morte da desconstrução é o seguinte: em meados da década de 1980, a
desconstrução não fora rejeitada, mas assimilada; ela não fora derrotada ou superada,
mas absorvida pelas bases de nossas crenças de modo a não percebemos que se tratava
mais da desconstrução. A ideia de que os livros não são unidades coesas de sentido
inteiramente subordinadas aos desígnios de atos intencionais ou autorais, de que livros
são textos entretecidos a outros textos, citando-os e recitando-os, transbordando
suas fronteiras, escapando por todas as direções a ponto de não podermos cercá-los
e saturá-los, a ideia de que nada pode resistir a uma leitura realmente cerrada, de que
textos revelam suas frestas e fissuras, suas contra-tendências e complexidades, de que
eles são constituídos por subtextos e contra-textos, de que "Platão", por exemplo,
não é uma unidade fixa de conteúdos semânticos e doutrinais, mas um sin-texto de
diferentes matizes e vozes que escapa por múltiplas direções se tivermos paciência
para lê-lo (e por ai vai) — tudo isso que configura a desconstrução, se há de fato algo
chamado desconstrução, tornou-se um lugar tão comum que se plasmou ao nosso
conhecimento prévio, uma sedimentação, como Husserl diria, na gênese das práticas
contemporâneas de "leitura cerrada". Dessa forma, naquele momento dos anos de
1980, certo número de pessoas deixou de ler Derrida. Eles acreditavam já saber do
que se tratava, que já haviam assimilado sua linha de pensamento, e o que quer que
viesse em seguida, seria, na melhor das hipóteses, um novo lance em um velho jogo,
um tributo ao seu virtuosismo em dizer a mesma coisa de maneira diferente, mas,
ainda assim, a mesma coisa. Eles já estavam para além de Derrida, que, por hora,
tinha ficado para trás, parado na estação.
Então, algo de curioso aconteceu no caminho do funeral. Derrida começou a
falar sobre ética, política e — Deus nos guarde — religião. Como um bom exemplo,
olhe o que aconteceu com a problemática do dom entre as décadas de 1970 e 1990.
Em Donner le temps o modelo do dom era o texto, que não deveria ser recusado e
devolvido em gratidão causal ao autor que lhe criara; o texto estava livre de pagar
tributo a quaisquer intenções autorais, mas, sobretudo, lhe era permitido emitir
centelhas em um esplendor disseminativo e denotativo imprevisível, uma vez que
por atrás ou sob sua superfície seria possível encontrar o segredo de que não há
profundeza secreta, somente mais lados. Mas em Donner la mort, publicado na década
de 1990, o ponto de partida não é Baudelaire, mas sim o Kierkegaard de Temor e
Tremor e o modelo do dom é o tout autre de Lévinas, tomado como uma afi rmação
sem reservas da vinda do outro, l’invention de l’autre. Durante os anos de 1990, os
temas escolhidos por Derrida para suas palestras e seminários — hospitalidade,
amizade, dom, perdão, justiça, democracia — assumiram um surpreendente tom
ético-religioso.
Aqueles de nós que nos orgulhávamos de sermos leitores atentos de Derrida —
ninguém pode ser um leitor atento de todos, logo, isso não deveria ser tanto uma
questão de orgulho quanto uma descrição de nossas preferências — não fi camos
surpresos. Já vínhamos afirmando que há uma dimensão ética, política e, sim,
mesmo religiosa na desconstrução. Se existe uma analogia com os pseudônimos
kierkegaardianos, a excepcionalidade e resistência ao sistema e ao universalismo que
a desconstrução exibe não seriam um modo de esteticismo, um tipo de Jacques, o
Sedutor, mas uma forma de exceção religiosa. A anarquia, se o for, da desconstrução
é extremamente responsável, entrelaçada a Lévinas e às escrituras judaicas,
particularmente a literatura profética. Ademais – isso escandalizará a todos – há
certo elemento desconstrucionista no Novo Testamento, no modo pelo qual as leis
do Sabá foram violadas em nome daqueles para os quais o Sabá foi feito, o último
foi o primeiro, os párias acolhidos ao centro, o coxo e o leproso preferidos, e assim
por diante. A coisa toda – isto é, a desconstrução – começou a se assemelhar a uma
versão judia de Temor e Tremor, um cruzamento entre Lévinas, Kierkegaard e a teoria
pós-estruturalista. Mark Taylor me disse que estava tentando convencer Derrida –
dado seu interesse pelo segredo – a escrever um livro sobre Temor e Tremor. Eu me
cansei de esperar e escrevi minha própria versão – Against Ethics – que apareceu na
mesma época em que Donner la mort surgiu em francês. É um testemunho da infi nita
misericórdia de Deus que o livro em que eu esboçava aquilo que seria uma possível
leitura desconstrutivista de Temor e Tremor não tenha colidido, de forma alguma,
com o que Derrida estava, ao mesmo tempo, dizendo em Donner la mort, sem meu
conhecimento de sua aparição! Assim, do mesmo modo que Temor e Tremor veio a
público no mesmo dia de A Repetição, meu Against Ethics apareceu praticamente no
mesmo dia que Donner la mort.
Então aconteceu. Em 1989, o dia D dos derradeiros estudos derridianos, o
dia em que pousou nas praias da religião, Derrida escreveu "Circonfi ssão", uma
autêntica publicação judaica, quase-agostiniana sobre a qual longos excertos do texto
latino das Confessiones foram transplantados. Nesse texto – Deus nos guarde, isso é o
que ele de fato diz – Derrida confessou ser um homem dado às preces, rezar o tempo
todo, dizendo que se entendêssemos isso sobre ele, entenderíamos tudo, enquanto
o fracasso em compreendê-lo resultava em uma recorrente má interpretação de
seus escritos. Eu estava a 37000 pés de altura quando li isso pela primeira vez, mas
sinalizei para a aeromoça me deixar sair do avião imediatamente, um pára-quedas
serviria, para que eu pudesse chegar ao meu computador.
Desse modo, Jacques Derrida encontrara um novo modo de escandalizar a
todos, dessa vez escandalizando o bom, o verdadeiro e o pio ao injetar a desconstrução
nos Departamentos de Religião e nos currículos dos seminários, incitar leituras
desconstrucionistas das escrituras, muito disso vindo à tona na ilustre A.A.R., em
Toronto, nesse último outono, com o conjunto de seminários organizados por
Yvonne Sherwood, coroados com a "aparição" dele próprio. Mas isso foi só metade da
história. Derrida não estava escandalizando apenas os fundamentalistas e defensores
da ortodoxia, radical ou não, mas também encontrou uma maneira de escandalizar
o perverso, o errante e o ímpio, isto é, seus companheiros desconstrucionistas, ao
permitir que o aroma de incenso e velas pairasse pelas salas do Departamento de
Inglês. E se houve algum ponto no qual os desconstrucionistas e pós-modernistas
se mantiveram reducionistas e modernistas obstinados, se houve algum ponto em
que eles se mantiveram não-reformados e reacionários reconstruídos, puristas
excludentes, foi em relação à religião. A religião está morta, em desuso, e que Deus
guarde Derrida se ele começar a falar sobre religião. Desconstrucionistas seculares
ficaram escandalizados – secretamente, eu creio, rezavam que aquilo não fosse
verdade – que Derrida houvesse se tornado religioso, até mesmo o pessoal do
departamento de religião percebeu que havia algo de sombrio e khôral nessa religião
akhôral.
Se a vida da desconstrução se torna um escândalo, Derrida respira uma
vida nova dentro da desconstrução de maneira que tanto a desconstrução quanto
Derrida continuam a gozar da vida após a morte. Do ponto de vista da política
acadêmica, a desconstrução não desapareceu; ela simplesmente trocou de sala,
dos departamentos de literatura para os departamentos de religião e de fi losofi a
continental. Com efeito, aqueles que decidiram que entendiam de Derrida, ou que
o trem deixou a estação da desconstrução, aqueles que pararam de ler Derrida, de
fato, perderam o novo trem que Derrida estava comandando. A desconstrução não
estava se transformando na hermenêutica da morte de Deus, ou não apenas nisso,
uma vez que, como Tom Carlson me chamou atenção, há inúmeras formas com as
quais ela se mostra verdadeira, mas também a hermenêutica do desejo por Deus, que
também é verdadeira, tanto em Nietzsche quanto em Lévinas, seja em Zaratrusta ou
em Johannes de Silentio. Assim, os desconstrucionistas encontraram uma vida nova
nos departamentos de religião e uma nova onda da teoria desconstrucionista estava a
nos banhar, na forma de algo que vem sendo chamado nos catálogos de cursos e nos
pôsteres de conferências de "fi losofia continental da religião", constituída de vários
componentes, dos quais a desconstrução é um dos mais produtivos e provocativos.
Isso, para o presente, ou seja, para um futuro próximo, é o futuro da desconstrução,
o lugar onde ela presentemente promete fazer a mais produtiva agitação. (Quando
ela parar de causar agitação, ai estará de fato morta).
Mas, mais cedo ou mais tarde, Derrida irá parar de viajar, a desconstrução
como um fato se assentará nos livros de história e o termo será apenas, caso não
seja ainda, o nome de algo acabado. E isso, por favor, tomem nota, em virtude
do que a desconstrução é ou supostamente seria, a saber, a vinda de um outro,
e, preferencialmente, a vinda do impossível e do imprevisível. Quanto mais a
desconstrução for superada por algo imprevisível, mais ela se mostrará correta! E
é isso que ela está tentando fornecer! Assim, como uma possibilidade, como uma
provocação, a desconstrução tem um futuro. E, de fato, como possibilidade, como
provocação, a desconstrução é o futuro, uma teoria do futuro e, por essa razão, ela é
algo que pertence ao futuro da teoria. Logo, após Jacques Derrida vem o futuro.
O que, então, deveríamos dizer acerca do que a teoria é ou, em consonância
com o senso do tempo em desconstrução, o que ela deve ter sido? A teoria é uma
forma de problematização, um modo de indagar sobre o que dizemos e fazemos,
acerca do que pensamos que estamos dizendo ou fazendo, se isso é o que de fato
está sendo dito ou feito, ou ainda, se algo mais arrastou-se sorrateiramente sobre
nós e transformou-a em algo completamente diferente. Na teoria de orientação
desconstrutivista, poderíamos colocar "aspas" ou "aspas duplas" em cada palavra ou
fragmento ou sentença, ou ainda, em cada prática ou instituição, e problematizá-la,
refletindo sobre cada uma delas. A artimanha não está em saber quando fazer isso –
sempre se pode –, mas em saber quando não fazê-lo. Fica-se na dependência de um
demônio socrático que nos sinalize o momento de deixar isso ou aquilo quieto por
hora, uma vez que se preocupar com outra coisa em seu lugar representaria uma
intervenção muito mais estratégica.
A teoria é marcada por uma suspeita e desconfi ança infinitas. Mas ela não é o
olho preconceituoso da desconfiança, que não acredita em nada, ou não faz nada
e, ainda por cima, maldiz aquele que tenta, mas um tipo de desconfi ança venturosa
que, de alguma forma, encontra um modo de coabitar com a fé, que desconfi a do
presente em nome do futuro. A teoria, e, em particular, a teoria em movimento
na desconstrução, duvida do presente por conta de sua fé no futuro, seu amor
pelo devir, acerca daquilo que está estruturalmente sempre por vir, de modo que
o Messias nunca de fato apareça, pois, se o fizesse, deixaria de ser o que está por
vir. O que a desconstrução terá feito e o modo como continuará viva após Derrida,
após a própria desconstrução, encontra-se em sua insistência no futuro, no que
está por vir e na coragem necessária para manter o futuro em aberto. A teoria é a
problematização infinita das nossas crenças e práticas, uma suspeita insondável de
que nossas crenças e práticas atuais são servos indignos do futuro, infiéis à abertura
infinita do futuro, a ânsia sobre a qual o presente tende a se ancorar em sua presença
e fechar-se para tudo aquilo que está por vir. Se não houvesse nenhuma teoria, não
teria havido futuro, apenas uma eterna repetição do mesmo. A resistência à teoria
é reacionária. Resistir à teoria é resistir ao futuro com a finalidade de agarrar-se ao
presente. A teoria impulsiona o presente em direção ao futuro, tornando possível a
chegada do impossível, não em nome da dúvida, mas da fé; não por desdém, mas
por amor. Para compreender o futuro da teoria seria preciso entender o futuro do
amor.
O futuro da teoria após Jacques Derrida: viens, oui, oui.
Publicado no The Journal of Culture and Religious Theory, v.4, n.2, p.227-264, 2003.
Traduzido por José Carlos Felix
CAPUTO, J. After Derrida Comes the Future. Tradução de José Carlos Felix. Revista
de Letras, São Paulo, v.49, n.2, p.173-179, July/Dec. 2009.
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ABSTRACT: This text shows how deconstruction has survived itself after Derrida´s
ethical and theological turning of the early nineties. It ends by invoking the deconstructive
approach to the future (as well as the future of the deconstructive approach) as that which
allows deconstruction to live after or in its own death.
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KEYWORDS: Derrida. Deconstruction. Ethics. Theology.
Rev. Let., São Paulo, v.49, n.2, p.173-179, jul./dez. 2009.
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