domingo, 26 de maio de 2013

KUNDALINI-SHAKTI

 
 
 
 
Kundalini de acordo com vários ensinamentos é um tipo de "energia corpórea".
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No Hinduísmo, kundalini é uma parte do corpo sutil juntamente com os chakras e nadis. Um número de modelos desta anatomia esotérica ocorre na classe de textos conhecida como Āgamas ou Tantras. Trata-se de um vasto corpo de escrituras, de acordo com o livro Flood.
Existem inúmeros modelos de kundalini nas fontes sânscritas de textos. Nos textos mais antigos existem vários sistemas de chakras e nadis, com diferentes conexões entre eles. Uma antiga versão do sistema de nadi é mencionada no Chandogya Upanishad, que diz:
Ao longo do tempo um sistema de seis ou sete chakras junto ao eixo do corpo se tornou o modelo dominante, adotado pela maioria das escolas de yoga. Este sistema em particular pode ter sido originado por volta do 11º século antes da chamada era cristã, eras vulgaris, e rapidamente ficou muito popular. É neste modelo onde a Kundalini é dita "subir" de modo ascendente, penetrando os vários centros até chegar à coroa da cabeça, resultando na união com o Divino. Este é o arranjo convencional citado por Monier-Williams, onde os chakras são definidos "6 em série, um acima do outro".
O mais famoso dos Yoga Upanishads, o Yogatattva, menciona quatro tipos de yoga, um dos quais sendo laya-yoga, a dissolução simbólica (laya) do universo visualizada dentro do corpo com um aumento correspondente de uma energia corpórea conhecida como Kundalini.
Outra fonte para o contexti de kundalini é o Hatha Yoga Pradipika escrito por Swami Svatmarama (traduzido em inglês, 1992) em algum lugar entre o décimo segundo e o décimo terceiro séculos.

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Nas tradições ocidentais, Kundalini é frequentemente indicada com o termo do Poder Ígneo, e algumas vezes com o nome de Fogo Serpentino, emprestado do título O Poder da Serpente de Sir John Woodroffe.
Sir John Woodroffe (em seu nome de escritor, Arthur Avalon) foi uma das primeiras pessoas a trazer a palavra kundalini para o ocidente. Ele era um Juiz da Alta Corte em Calcutta, que se interessou em Shaktismo, uma parte do Tantra Hindu. Sua tradução e comentários de dois livros raros foi publicada como O Poder da Serpente, agora considerado um clássico espiritual. Woodroffe traduziu Kundalini como "Poder da Serpente"; um termo que ele considerou próximo à tradução literal e sendo sensível ao conceito que denotado.
Duas antigas interpretações ocidentais de Kundalini foram fornecidas por C.W. Leadbeater (1847-1934), da Sociedade Teosófica, e pelo psicólogo Carl Jung (1875-1961)[1]. O seminário de Jung sobre Kundalini yoga, apresentado ao Clube Psicológico em Zurich em 1932, tem sido considerado como um marco na compreensão psicológica do pensamento ocidental e das transformações simbólicas de experiências internas. Kundalini yoga apresentou Jung com um modelo para as fases do desenvolvimento de consciências superiores, e ele interpretou seus símbolos em termos do processo de individuação.
O Poder da Serpente influenciou altamente o esoterismo ocidental. No início dos anos 30, dois estudiosos italianos, Tommaso Palamidessi e Julius Evola, publicaram vários livros com a intenção de re-interpretar a tradição alquímica clássica em uma maneira yoga tântrica. Essas obras tiveram um profundo impacto nas modernas interpretações da Alquimia como uma ciência mística. Nestas obras, Kundalini é chamada, de acordo com a tradição clássica ocidental, como Poder Ígneo e Fogo Serpentino. Naquele tempo (até o início dos anos 70), mesmo assim, o conceito de Kundalini era conhecido apenas entre os estudiosos, e não realmente muito difundido.
Uma das primeiras pessoas a popularixar o conceito de kundalini entre leitores ocidentais foi Gopi Krishna. Sua autobiografia é intitulada Kundalini & mdash; The Evolutionary Energy in Man. Citando "o interesse ocidental num nível popular em kundalini yoga foi provavelmente mais influenciado pelos escritos de Gopi Krishna, nos quais kundalini foi re-definida como uma experiência religiosa caótica e espontânea."; veja: McDaniel, p. 280.
Kundalini é um conceito popular que é largamente citado entre várias disciplinas de yoga e no discurso da Nova Era (veja Passando do Velho ao Novo Aeon). Stuart Sovatsky adverte que a recente popularização do termo dentro dos novos movimentos religiosos não tem contribuído para promover uma compreensão madura do conceito.
De acordo com Sovatsky, o conceito de Kundalini vem da filosofia yôgue da antiga India e refere-se à inteligência materna por trás do despertar yôgui e do amadurecimento espiritual. Nesta perspectiva, Kundalini é entendido como um amadurecimento de energia que expressa o desejo individual de salvação. Sovatsky também se refere a um fenômeno chamado "despertar prânico", onde Prana é interpretado como a força vital e sustentadora da vida no corpo. Energia vital melhorada ou intensificada é chamada pranotthana e suspõe-se se originar de um reservatório aparente de bio-energia sutil na base da espinha. Esta energia também é interpretada como um fenônemo vibracional que inicia um período, ou um processo de desenvolvimento vibracional espiritual. De acordo com Sovatsky, a possibilidade de visualizar pranotthana e o processo mais amplo da kundalini como uma maturação do corpo e da personalidade além do desenvolvimento psicológico convencional é sugerido por Sovatsky. De acordo com este ponto de vista, o desenvolvimento psicológico e espiritual pode continuar por toda a extensão da vida.

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Kundalini Yoga é um sistema de técnicas meditativas e movimentos dentro da tradição yôgui que foca-se no crescimento psico-espiritual e no potencial de amadurecimento do corpo. A prática de Kundalini Yoga consiste em um número de posturas físicas, movimentos expressivos e recitações, meditações específicas, padrões respiratórios, e graus de concentração. Recentemente, tem havido um crescente interesse dentro da comunidade médica no estudo dos efeitos psicológicos da meditação, e alguns destes estudos têm aplicado a disciplina da Kundalini Yoga em seus ajustes clínicos. Lazar, Sara W.; Bush, George; Gollub, Randy L.; Fricchione, Gregory L.; Khalsa, Gurucharan; Benson, Herbert (2000) Cérebro funcional mapeando a resposta de relaxamento e meditação [Sistema Nervoso Autônomo] NeuroReport: Volume 11(7) 15 Maio 2000 p 1581–1585 PubMed Abstract PMID 10841380. Cromie, William J. Pesquisa: Meditação muda temperaturas: Mente controla corpo em experimentos extremos, Cambridge, MA: Harvard University Gazette, 18 Abril 2002.

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De acordo com os escritos e tradições orais yôguis, a força de Kundalini é despertada através de práticas meditativas específicas.
Experiências envolvendo Kundalini são entendidas usando a estrutura do sistema de chackras, os centros de energia psico-espiritual ao longo da espinha. De acordo com a tradição Hindu, a Kundalini desperta à partir do chackra básico subindo através do canal da espinha, (chamado Shushumna), e acredita-se que ativa cada chackra que atravessa. Cada chakra é dito conter características especiais. Os chakras são quaisquer dos plexos nervosos ou centros de força e consciência localizados no interior do corpo do homem. Quando a Kundalini Shakti se une com o Ser Supremo (Lord Shiva), o aspirante fica absorvido em meditação profunda durante a qual ele percebe infinito êxtase. Kundalini Yoga:http://www.siddhashram.org/kundalini.shtml Kundalini Yoga por Swami Sivanandha: http://www.experiencefestival.com/kundalini No despertar da Kundalini, também acredita-se que poderes espirituais (siddhis) surgem. Contudo, muitas tradições espirituais vêem estes fenômenos como obstáculos no caminho, e encorajam seus estudantes a não serem distraídos por eles.
Lukoff, Lu & Turner notam que um número de dificuldades psicológicas podem ser associadas a práticas espirituais asiáticas, e que tradições asiáticas reconhecem uma série de perigos associados a práticas meditativas intensivas. Literatura transpessoal nota que despertar a kundalini não é livre de perigos. Se levarmos isto em consideração devem existir boas razões para não se empenhar em tais práticas intensivas a menos que seja guiado por um professor confiável, ou a menos que se tenha passado por uma preparação psicológica e instrução na prática meditativa escolhida. Instrutores tradicionais de meditações de Kundalini também previnem neófitos acerca dos perigos em potencial em experimentos com técnicas de Kundalini Yoga. Ansiedade, dissociação, despersonalização, percepções alteradas, agitação e tensão muscular têm sido observadas em praticantes ocidentais de meditação e a literatura psicológica agora aborda a ocorrência de problemas relacionados à meditação na vida contemplativa ocidental.
De acordo com pesquisas experimentais modernas, Kundalini e Bioenergia são expressões da mesma realidade energética humana. Através de condicionamento social e traumas emocionais, esta energia vital é geralmente suprimida e bloqueada em tensões musculares crônicas subconscientes, que tem sua contraparte psicológica em bloqueios emocionais e defesas do ego. Quando esta "blindagem muscular" (como a bioenergia o chama) é amaciada ou quebrada e/ou a energia viva é amplificada por emoções fortes ou em situações de risco de vida, o corpo começa a balançar e vibrar involuntariamente, e a energia de Kundalini começa a reanimar áreas psicossomáticas reprimidas anteriormente. Se este desenvolvimento não for suprimido novamente (ou mesmo suportado), a resultante subida da Kundalini trará velhos traumas do corpo e da psique à superficie numa espécie de processo curativo natural - em parte muito intenso assim como alterando radicalmente. Habitualmente a fase de "limpeza" de emoções extremas, experiêcias de materiais subconscientes e (talvez) doenças ou casualidades dura por volta de 2 a 4 anos. Depois deste tempo (numa transição constante e lenta) a Kundalini começa a se tornar disponível em todo o corpo e psique para um crescimento mais qualitativo do indivíduo. Diz-se que o processo todo demora por volta de 15 a 20 anos. Embora pensa-se que o despertar da Kundalini é um rebalanciamento natural de corpo e psique, é dito ser altamente aconselhável obter-se suporte experiente e competente durante os primeiros anos, na medida em que muitas coisas podem se desenvolver numa maneira não-natural em nossas sociedades "normais" (as quais são frequentemente colocadas como a causa da supressão da kundalini começando numa idade muito tenra).

 

 
 
Referências
 
 
Flood, Gavin. An Introduction to Hinduism. (Cambridge University Press: Cambridge, 1996). ISBN 0-521-43878-0
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