sexta-feira, 24 de maio de 2013

A prática do sillêncio interno

 
 

Entre o estado de relaxamento psíquico e o do despreendimento completo da consciencia , existe uma diferença de nível que o ato de respirar, por si só, não pode compensar. Para diluir a influência do Eu no campo da consciencia que medita, é necessário cortar toda as amarras, sejam quais forem, para que a alma, submergida em si mesma, recupere todo o poder de sua indizível origem.
 
Não é possível fechar a porta dos sentidos através de uma simples reclusão, mas de uma disposição de ceder sem resistência. Certamente a alma precisa deste apoio íntimo, que é o ato de respirar. Ele deve ser executado conscientemente, com um cuidado beirando a afetação. Tanto a inspiração como a expiração precisam ser praticadas em separado e com a maior atenção. Os bons resultados desses exercíciosnão tardam. Quanto mais intensa a concentração na respiração, , mais rapidamente desaparecem os estímulos exteriores, pois eles se confundem com vagos murmúrios a que prestamos cada vez menos atenção, até que deixem de nos perturbar, como o ruído das ondas quebrando na praia.
Com o passar do tempo, conseguimos nos insensibilzar para estímulos fortes e deles nos desprender com maior facilidade e desprendimento.
Eugen Herrigel
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(É importante, porém, que nosso corpo esteja numa posição estática e o mais relaxado possível e concetrado na respiração: se optar pela posição deitada, prefira uma superficie dura como o chão ou um colchão fino, para diminuir o risco de dormir. A posição de ''estrela'' no chão é a mais utilizada por Mestres e buscadores avançados. Certamente o silêncio ambiente e a escuridão aceleram muito a chegada do SILENCIO INTERNO, por eliminarem os estímulos exteriores)
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Rapidamente nos sentiremos isolados por uma espécie de invólucro acustico. Assim, a única coisa que sabemos é que ''respiramos''. E para noslibertarmos desse ''saber'' e ''sentir'' não é necessária nenhuma ''decisão'', pois a respiração irá, espontaneamente, ficando mais lenta, diminuindo cada vez mais o consumo de ar e, por conseguinte, prendendo cada mais mais nossa atenção.
Eugen Herrigel
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Os antigos toltecas, Mestres indiscutíveis do SILENCIO INTERNO, chamavam isso de ''respiración del reptil''.
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Infelizmente, esse agradável e revigorante estado de recolhimento pode não ser duradouro, pois estará arriscado a ser destruído: como que brotando do nada, surgem de repente estados de ânimo, sentimentos, desejos, preocupações e até pensamentos borrados uns com os outros que,quantos mais fantásticos, menos estão relacionados com aquilo pelo qual prescindimos de nossa consciência comum,tão mais obstinadamente nos dominam .É como se esses pensamentos quisessem se vingar pelo fato de a consciência tocar esferas ás quais comunmente não chega. Mas essa perturbação é vencida se se continua respirando serena e tranquilamente .
Eugen Herrigel
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Aceitando-se de maneira agradável e com animo de guerreiro tudo o que acontece enquanto o SILENCIO INTERNO não cheg, aprende-se a acomodar a perturbação, aprende-se a contempla-la com disciplinada indiferança, como algo que não faz exatamente parte de nosso ser, como uma influência externa ou ''mente forânea''. E, finalmente, cansamos de acompanha-la ou, o que seria mais correto, ela ''desiste '' de nós, porque deixamos de nos comportar como comida ou fonte de energia para ela.
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Assim se emerge, pouco a pouco, num estado similar de relaxamente áquele que precede o sono. É esse momento que deve ser capturado.
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Feito uma vez, esse esforço poderá ser repetido seguidamente com toda segurança. Graças a ele, ,a alma (ou consciência)entra espontaneamente numa espécie de vibração suscetível de se intensificar , até chegar á sensção de incrível leveza e fluidez, , que só experimentamos poucas vezes no sonho, é aquela segurança de podermosdirigir energia em qualquer direção, aumentar e dissolver tensões, numa lenta e gradual adaptação.
Esse estado, em que não se pensa nada de definido, em que nada se projeta, aspira, deseja ou espera e que não aponta em nenhuma direção determinada (e, não obstante, pela plenitude da sua energia, se sabe que é capaz do possível e do impossível), esseestado, fundamentalmente livre da intenção e influênciado eu, é o que o Mestre chama de ''espiritual''.
Eugen Herrigel
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Essa é a plataforma básica do SILÊNCIO INTERNO.
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Tal estado de consciência pode ser obtido através de uma disciplina rígida, pois requer a estabilização das ondas mentais e dos fluxos emotivos inconscientes. Depende do afluxo da consciência do Eu ao chamado
tempo mítico
e ao contato com os arquétipos

 
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Caso comece a enxergar pequenos pontinhos de cor esvoaçando a sua volta, lembre-se das palavras do nagual Juan Mattus: ''NÃO EXISTE MAL NENHUM EM TOMAR SUSTOS MORTAIS. O QUE FAZ MAL É TER SEMPRE UMA PESSOA EM CIMA DE VOCE DIZENDO O QUE VOCE DEVE E O QUE NÃO DEVE FAZER''.
Os pontinhos indicarão que a prática está indo bem.

 
 

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