'Segundo Sócrates, o que inspirava uma
pessoa era seu daimon ou estado de consciência tutelar; para os poetas da
Antiguidade, esta ou aquela musa que, nas palavras de Hesíodo, ''ampliam a
mente do homem com conhecimento, e fazem sua língua falar desde os céus''. Para os primeiros filósofos e os teóricos da
medicina dos tempos greco-romanos, a inspiração e a expansão da consciência
eram o Pneuma, a alma e a substância indiferenciada do universo. Para Platão e
Aristóteles era o Nous, ou a Razão interior. Segundo os estoicos o deus
imanente era chamado Logos. O Logos ingressa na cristandade como ''O VERBO'',
uma tradução muito pobre e parcial do original, que possui muitos significados.
''No principio era o Verbo...''. Do grego passamos ao latim e á palavra
Spiritus, que, como Pneuma, significa 'alento'' e é, como sua etimologia
sugere, a ‘’fonte’’ da ''inspiração''. Havia um Spiritus de los dioses, de onde
vinha a ''Inspiratio Divina''. Havia um espírito impessoal ou alento de vida
(Atman no sânscrito:’’isso é você’’(Upanishades)). Y finalmente, após a
Cristandade, estava o ESPÍRITO, a terceira pessoa da Trindade. Mescladas sem
coerência nenhuma, essas concepções variadas ((médicas, místicas, filosóficas,
teológicas, espirituales) foram utilizadas, ao longo dos séculos, para dar
conta de explicar fatos e feitos diretamente originados pela inspiração. Hoje
preferimos falar de "'O Inconsciente'' e ''erupções no consciente de
matéria sublimar''. As palavras têm uma aura poderosamente científica; mas que
expliquem as coisas mais satisfatoriamente que Espírito, Logos, Pneuma e
Daimon, é discutível.
Aldous Huxley
(...)
Aqui um homem se considera inspirado
sempre pelo Espírito(entheos, sc. hypo tou). (enepneuse phresi daimon)», dice
Penélope3. Hesíodo nos diz que As Musas ‘’insuflaram em mim a voz divina
(enepneusan de moi auden thespin)….Também Cristo, ‘’através de quem todas as
coisas foram feitas, não dá testemunho de si mesmo (não expressa a si mesmo),
mas diz ‘’Eu não faço nada por mim mesmo, e sim como me ensinou meu Pai’’
Coomaraswamy
(...)
Não este homem, Fulano, Dante, ou
Sócrates, ou nenhum ‘’eu’’, mas a Sindéresis, o Espírito Imanente, Daimon em
Sócrates y Platão ‘’que vive em cada um de nós’’ y ‘’não almeja nada que não
seja a Verdade’’... ‘’ o Atman ou Espírito Santo, o pneuma grego, o ruh
arábico, o ruah hebraico, o Amon egípicio, o ch'í chinês;, , o Brahman, o Deus
em sentido geral de Logos ou Ser.
‘’É Deus mesmo quem fala’’ quando nós não
estamos pensando nossos próprios pensamentos.
. (..)
NOTAS
11. San Ambrosio sobre I Corintios 12:3,
citado en Summa Theologica(external link) I-II.109.1. Nótese que «a quocumque
dicatur» contradice la pretensión de que sólo es «revelada» la verdad
Cristiana.
12. Ion(external link) 533D-N Para el
pasaje sobre la inspiración, ver Ion(external link) 533D-536D-N La doctrina
Platónica sobre la inspiración no es «mecánica» sino «dinámica»; en una
teología posterior, devino una cuestión de debate en cual de estas dos maneras
el Espíritu mueve al intérprete.
13. Ion(external link) 533E, 534B.
gignomai se usa aquí en el sentido radical de «entrar en un nuevo estado de
ser». Cf. Fedro(external link) 279B, kalo genesthai tandothen, es decir, 14.
Ion(external link) 534B.) 719C; y Maitri Upanishad VI.34.7, «
(hen ainigmati, I Corintios 13:12). Devido a
que a advinhação (gnose) é de uma Verdade que não se pode ver diretamente pelos
demais (sánscrito, sakshat ) (con las faculdades humanas), el decidor de la
verdad debe hablar en símbolos (sejam verbais ou visuais), que são reflexos da
Verdade; é nossa tarefa compreender e usar os símbolos como suportes de contemplação
e com vistas a uma ‘’recordação’’ toda especial de uma outra velocidade de
conscientização.
Post Scriptum
(...)
Neste estado, que tbm se designa ás vezes
sob o nome de samprasâda ‘’outra velocidade’’ no vedantismo e segunda atenção
na escola nagualista por Castaneda (Brihad-Âranyaka Upanishad, 4º Adhyâya, 3er
Brâhmana, shruti 15; también Brahma-Sûtras, 1er Adhyâya, 3er Pâda, sûtra 8. —
Ver también lo que diremos más adelante sobre la significación de la palabra
Nirvâna e a simbologia dos olhos de Soma do conhecedor do campo no Rg Veda
Samhita.), a luz inteligível é apreendida diretamente, o que constitui a
intuição intelectual (Buddhi) e já não por simples reflexão através da mente
(‘’manas’’) como nos estados individuais.
(...)
Post scriptum
O autor que escreve sob o ditado da
inspiração divina concebe ás vezes coisas que não têm relação com a matéria
daquele capítulo que está tratando e que aos ouvidos do leitor(a) pode soar
como interposição de tema incoerente, ainda que para quem escreve aquilo
pertença em última instancia á essência mesma do que foi feito, apenas que sob
um aspecto hieroglífico que os demais ignoram.
Sabe que a elaboração dos capítulos das Fotûhât não é o resultado de uma
livre eleição por minha parte nem de uma deliberação reflexiva. Na verdade,
Deus vem me ditando pela visão espiritual tudo que tenho escrito, e é por isto
que entre duas ideias insiro outra que não tem nenhuma conexão com a que lhe
precede nem com a que lhe segue.
Ibn ‘Arabî, Las revelaciones de la Meca
(...)
Post Scriptum
Schneider recolhe um profundíssimo tema
simbólico, ao dizer que ‘’fazer poesias equívocas e saltar entre as linhas é
matar a distância entre dois elementos lógicos ou espaciais e pôr sob o jugo
comum da consciência dois elementos distantes, naturalmente’’, o que explica o
sentido místico da ‘’poesia do presente (ou da sensação)’’, em sua rama
derivada de Rimbaud e Reverdy, quem diz: ‘’A imagem é uma criação pura do
espírito’’. Não pode nascer de uma comparação, e sim da aproximação de duas realidades
mais ou menos distantes. Quanto mais distantes sejam as relações das duas
realidades aproximadas, mais forte será a imagem, e possuirá mais potência
emotiva e realidade poética (Aquí termina la cita de Reverdy).
Y continúa Cirlot: "Realidade
simbólica, na verdade".
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