· Pode-se
notar que o "Grande Arquiteto do Universo" está identificado a Cristo
(portanto ao Logos), por sua vez relacionado ao simbolismo
da "pedra
angular", entendida de acordo com o que já explicamos (cap. 43); o
"pináculo do Templo" (e podemos notar a curiosa semelhança
da palavra "pináculo" com o hebraico pinnah, que significa "ângulo")
é naturalmente o topo ou o ponto mais elevado, e, como tal, equivale à
"chave de abóbada" (Keystone) Arch Masonry.
· Cristo também, como o Jano antigo, leva o cetro real
a que tem direito em nome de seu Pai do
Céu e de seus ancestrais neste mundo; e
sua outra mão segura a chave dos segredos eternos, a chave tingida pelo seu
sangue, que abriu, para a humanidade perdida, a porta da
vida. É por isso que, na quarta das grandes antífonas anteriores ao Natal, a
liturgia sagrada o aclama assim: 'O Clavis David, et Sceptrum domus Israeli...
Vós sóis, ó Cristo
esperado, a Chave de Davi e o Cetro da casa de Israel. Vós abris, e ninguém
pode fechar; e quando vós fechais ningué858888m mais saberia abrir...' "
· Por essas poucas considerações já é fácil
compreender que Jano representa verdadeiramente Aquele que é, não só o
"Senhor do tríplice tempo" (designação que é de igual modo aplicada a
Shiva na
doutrina
hindu), mas também, e antes de tudo, o "Senhor da Eternidade". Cristo,
escrevia ainda a esse
respeito o sr. Charbonneau-Lassay,
domina o passado e o futuro; coeterno com seu Pai, é
como ele o "Ancestral dos Dias": "No princípio era o
verbo", diz São João. Ele é também o pai e o senhor dos séculos vindouros:
Jesu pater futuri saeculi, repete diariamente a Igreja Romana, e Ele próprio se
proclama o começo e o final de tudo: "Eu sou o alfa e o ômega, o princípio
e o fim". "É o 'Senhor da Eternidade'.’’(de certa forma a Luz é o respaldo da memória
do universo já que nela o passado, o presente e o futuro estão ocorrendo num
único instante eterno e portanto são acessíveis através dela)
· De acordo com o simbolismo
empregado pela Cabala
hebraica, à direita e à esquerda correspondem respectivamente dois atributos
divinos: a Misericórdia (Hesed) e a Justiça (Din), que também cabem de forma
clara a Cristo,
em especial quando o consideramos em seu papel de Juiz dos vivos e dos mortos.
· Quando o peixe é tomado como símbolo
de Cristo,
seu nome grego, Ichthus, é considerado como formado pelas iniciais das palavras
Iêsous Christos Theou Uios Sóter (Jesus Cristo,
de Deus Filho,
Salvador).
· Como Vishnu
na Índia, e também sob a forma de peixe, o Oannes caldeu, que alguns
consideraram de modo categórico como uma representação de Cristo,
ensina igualmente aos homens a
doutrina
primordial; trata-se de um exemplo admirável da unidade
que existe entre tradições muito diferentes na aparência,
e que permaneceria inexplicável se não admitíssemos suas ligações com uma fonte
comum.
· A isso se liga a designação de Cristo
como "germe" em diversos textos da Escritura, que retomaremos talvez
numa outra ocasião...
· É muito significativo, sob esse
ponto de vista, que os hermetistas cristãos falem de Cristo
como sendo a verdadeira "pedra
filosofal", com a mesma frequência que se referem a ele como "pedra
angular".
· Observe-se a relação existente entre a unção da
pedra
por Jacó, bem como a dos reis para a sua sagração, e o caráter de Cristo
ou do Messias, que é o "Ungido" por excelência (Khristós, no grego, e
Mashiah, no hebraico, significam "ungido")
René Guenón
P.S:.
H. P. Blavatsky era enfática quanto à biografia de Jesus fazer alusão a
um mito solar, inclusive depreendido do culto a Mithra.
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