A única coisa
que distingue o homem do animal é o riso (PASCAL)
... Também aqui
todo o RISO PASQUALIS coincide com o que disse sobre a REPÚBLICA e as LEIS de
Platão e Aristóteles, que eram fábulas para os enlouquecidos pela FIXAÇÃO
SOCIAL, os obcecados falsificadores de auto-imagens projetadas em sociedade.
Para ele, nunca passávamos de náufragos amnésicos em uma ilha desconhecida.
Em contraposição
a tudo isso, Soeren Kiekegaard seria um pensador QUE DIZ O QUE VIVE, QUE VIVE O
QUE DIZ, em ruptura com os hábitos canonizados pela Universidade e pelas
instancias culturais oficiais. ‘’TODA COMUNICAÇÃO DA VERDADE-queixa-se ele –SE
TORNOU ABSTRATA. –Assim como tudo que era vivido diretamente se tornou uma representação
(DEBORD. –
ESCREVE
KIERKEGAARD ‘’O público se tornou a instancia, as folhas se chamam a redação,
os professores, a especulação, os pastores são a meditação. Ninguém mais ousa
investigar por si mesmo. Como é que a verdade pode ganhar alguma coisa com esse
ventriloquismo..? O que William Burroughs chamou de ''esse frio
laboratório em que o mundo e o ser
humano nao passam de um experimento térmico submetido a políticas de
climatização''.
Uma leitura da ironia no sentido kierkegaardiano é possivel contanto que se inscreva nos limites da obra artísitca, pois só a arte possibilita canalizar a força da ironia conseguindo por em evidencia os contrastes do plenamente natural com o artificialmente social. ASSIM temos que o artista enquanto membro produtivo da sociedade é jogado ao mar de Artaud-le-momo (ou Artaud, o louco).
A cena se passa
na interioridade onde se existe como homem, e o concreto consiste na relação
que as categorias existenciais mantém umas com as outras: a subnormalidade e a
sub-realidade são o tom, o tema e a forma que ele dá ao seu estilo. Essa forma
deve ser múltipla, tendo em vista os contrários que mantém reunidos... deste
ponto de vista, deve dispor dos domínios poético, ético, dialético e religioso.
Mas, como sabe que ‘’a realidade existencial se recusa a ser transmitida’’,
pelo fato de sua natureza qualitativa singular (QUÂNTICA), se ‘’deve ser compreendida
por um terceiro, deve ser compreendida primeiro como possibilidade e LATÊNCIA’’
–ibid,p.58.(:) A faixa de consciencia liberada que permite o avanço e vem
subverter os desvios codificados do significante(...), introduzir-se entre
eles, trabalhar sob as condições de identidade de seus elementais fantasmáticos
– (em sua aposta no ‘’olho geral y omnisciente’’, ele precisa seguir aumentando
gradativamente a tensão do arco) de modo a abrir, como em Paul Klee, esses
‘’entre-mundos’’ que são apenas visíveis para os iniciados e os loucos. Essa
'linha de fuga' é atravessada por eixos e limiares, por latitudes, longitudes, por
geodésicos, é atravessado por gradientes que marcam os devires e as passagens,
as destinações daquele que ali se desenvolve. AQUI NADA É REPRESENTATIVO, MAS
TUDO É VIDA E VIVIDO.
A retirada ao
deserto da incompreensibilidade é menos simbólica, menos discursiva e imaterial
do que parece e está sustentada por uma convicção cega, uma fé nas capacidades
de uma palavra que saque a luz as contradições do ser humana que uma razão
autolegitimda e compartimentada não consegue elucidar. Essa função do homem de
letras é uma profissãode fé que deve ser levada ao extremo para ter razão de
ser, e essa razão de ser é a subversão permanente e dinâmica do espírito através do que ALBERTO MAGNO (diante da Virgem Maria) definiu como a ''comicidade
do cósmico e a cósmicidade do cômico'', deduzido a partir do apotegma medieval
de que TUDO QUE SAI DO ABSOLUTO, INCLUSIVE OS ANJOS, É CÔMICO (''existe uma tradição católica que diz que ALBERTO
MAGNO esteve ante a Virgem Maria que se
apresentou a ele como SOFiA e que nessa oportunidade teria lhe ensinado que a
verdadeira sabedoria sagrada era O DESPREOCUPADO y ESQUECIDO RISO...
É óbvio que as
raízes desse ''ESTILO'' fazem do artista enquanto membro da sociedade herdeiro imediato da metafísica nietzscheana,do
horizonte visionário de Rimbaud, da exepcionalidade de Alfred Jarry, da
marémagma surreal, da subnormalidade e subrealidade de Artaud, da metáfora viral de Burroughs, da provocação
lúdica de Oulipo, da nadeza de Manoel de Barros, dos intermináveis prólogos de
Macedônio Fernandez enfim, de todo o panorama de CRISE DOS GÊNEROS que se opera
na movediça (apocalíptica) mordernidade .
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